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Curtinhas da COP30 – Negociações em adaptação derrapam nos primeiros dias da COP30

Grupo Africano defende postergar decisão sobre indicadores de adaptação climática para 2027. Índices adicionais na agenda da COP ainda não estão confirmados

Cristiane Prizibisczki ·
12 de novembro de 2025

Belém (PA) – As negociações sobre criação de indicadores de adaptação climática – que inicialmente acreditava-se ser um tópico de fácil concordância – enfrentam impasses significativos neste início de Conferência. 

Após duas reuniões tensas realizadas ontem (11), o processo segue marcado por divergências quanto a adotar os indicadores e concluir a Meta Global de Adaptação (GGA, na sigla em inglês) nesta COP. 

Segundo análise do WWF-Brasil, o Grupo Africano tem defendido estender o trabalho técnico por mais dois anos e postergar a decisão final para 2027, o que preocupa parte dos países e observadores que veem nesse movimento um risco de enfraquecimento da ambição e de atraso na definição de metas concretas de adaptação. 

”Agir pela adaptação significa poupar vidas e recursos. Precisamos que a Meta Global de Adaptação seja uma prioridade, e entregue os indicadores aqui na COP30 para que existam ferramentas de monitorar o avanço da adaptação nos países o quanto antes. Adiar a decisão para outro ano só vai sinalizar que os países não consideram adaptação tão importante quanto dizem nos discursos”, diz Flávia Martinelli, especialista em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil:

Itens adicionais da agenda adiado

Não será hoje que os negociadores presentes na COP30 vão saber se os quatro itens adicionais de agenda – cujo pedido de inserção aconteceu na segunda-feira (10) – serão de fato incluídos nas negociações formais da Cúpula de Belém.

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, avisou no meio da tarde desta quarta-feira (12) que as negociações continuam pelo menos até amanhã (13) e que uma nova plenária de esclarecimento e prestação de contas sobre as consultas ocorrerá no sábado.

Os quatro itens sob consulta são: financiamento aos países em desenvolvimento, relatórios de transparência, resposta à crise das NDCs e medidas unilaterais de comércio.

Protestos endurecem segurança na COP

Após um grupo de manifestantes tentar forçar a entrada nos espaços restritos da COP30, na noite de terça-feira (11), a segurança do evento foi reforçada. O episódio expôs falhas na operação de segurança liderada pelas Forças Armadas sob a GLO em Belém. Nesta quarta-feira (13), a entrada e os arredores da Conferência amanheceram com a presença de viaturas e agentes da Força Nacional. A entrada da Zona Azul ficou fechada por alguns períodos durante o dia.

COP32 na Etiópia 

A COP32, a ser realizada daqui a dois anos, vai ser na Etiópia. Após meses de disputa com a Nigéria, a sede da COP de 2027 foi anunciada na terça-feira (11), diz o Climainfo. A decisão foi celebrada por organizações africanas como um marco para a liderança climática do continente. A Etiópia já havia sediado com sucesso a Semana do Clima da África, no início de setembro de 2026. O impasse sobre a sede da COP de 2026 – Austrália e Turquia na briga – ainda permanece.

Faça os poluidores ricos pagarem

A ministra Marina Silva recebeu nesta quarta-feira (12) uma petição com um milhão de assinaturas exigindo que os super- ricos paguem pelos danos climáticos cometidos. A petição faz parte da campanha global “Make Rich Polluters Pay”, que pressiona os governos a tributarem aqueles que detêm a maior responsabilidade pelas emissões de carbono. Ela também pede que os ricos arquem com os danos climáticos cometidos e financiem a transição energética justa. A petição é encabeçada por Oxfam e parceiros.

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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Comentários 1

  1. Monica Gomes Picavêa diz:

    Excelente Matéria Cris. Adaptação é muito urgenrte, não dá para adiar mais nem um dia.