Após três anos de aumento, o desmatamento na Mata Atlântica diminuiu 56% entre 2016 e 2017, segundo o monitoramento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e pela Fundação SOS Mata Atlântica. No ano passado, foram destruídos 12.562 hectares de florestas no bioma, a menor taxa anual desde o início do monitoramento, em 1985.
Na avaliação dos responsáveis pelo estudo, o resultado não é suficiente para afirmar que haja uma tendência de queda, pois nos últimos anos as taxas têm variado bastante, com anos de queda, como em 2011 e 2014, seguidos de períodos de aumento.
Para a Fundação SOS Mata Atlântica, a crise econômica pode ter contribuído para a queda, ao afetar investimentos de setores produtivos e o poder econômico. Porém, segundo a organização, seriam necessários mais estudos para comprovar essa possibilidade.
Porém, as imagens de satélite revelam que a mancha de desmatamento tem crescido no sul da Bahia, noroeste de Minas Gerais, interior do Piauí e centro-sul do Paraná. Nos últimos anos, o monitoramento já vinha registrando desmatamento nessas regiões.
Apesar de uma significativa queda, de 67%, a Bahia é o estado com maior desmatamento registrado entre 2016 e 2017, 4.050 hectares. Minas Gerais, que possui a maior extensão de Mata Atlântica entre os estados, também registrou redução do desmatamento (58%). Foram desmatados 3.128 hectares no estado, durante o período analisado.
Houve aumento na derrubada de floresta em três estados, que não tiveram grande impacto na taxa geral, Goiás (aumento de 11%), Paraíba (94%) e Rio de Janeiro (34%). Nos três estados juntos, o desmatamento chegou a 277 hectares no ano passado. Ceará e Espírito Santo, com 5 hectares (ha), são os estados com o menor total de desmatamento no período.
Restam apenas 12% das florestas originárias da Mata Atlântica
Restam apenas 12% de Mata Atlântica original. Ela abrange 15% do total do território brasileiro e se estende por 17 estados, entre eles 14 no litoral. Setenta e dois por cento da população brasileira e três dos maiores centros urbanos da América do Sul estão em áreas do bioma.
Para o diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, o combate ao desmatamento passa também pela defesa das leis ambientais, com o Código Florestal e a Lei da Mata Atlântica (11.428/2006). “Muitos setores buscam flexibilizar as diversas leis ambientais, o que não podemos aceitar”, defende. “O ano de 2018 é eleitoral e precisamos cobrar novas posturas dos candidatos e eleitos quanto à agenda socioambiental“, destaca.
Para ele, instrumentos como pagamentos por serviços ambientais e ICMS Ecológico são importantes para reduzir o desmatamento, pois 80% dos remanescentes estão em áreas privadas, de acordo com Mantovani.
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