Notícias

Desmatamento no Amazonas triplica entre março e abril e chega a 347 km²

Nova fronteira do desmatamento, estado tem registrado em 2022 os piores números da série do INPE. Só no último mês, área perdida foi equivalente à cidade de Belo Horizonte

Cristiane Prizibisczki ·
6 de maio de 2022 · 4 anos atrás

A motosserra não tem tido folga no sul do Amazonas. O estado perdeu em abril, época ainda de chuvas na floresta tropical, uma área de 347 km². O número é equivalente ao território da cidade de Belo Horizonte e três vezes maior do que o registrado em março, quando foram perdidos 106 km² de vegetação.

De fato, o programa Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais, tem mostrado que, em 2022, a destruição na nova fronteira do desmatamento acumula um recorde atrás do outro.

Em janeiro, o Amazonas perdeu 44 km² de florestas, número sete vezes maior do que o mesmo período em 2021, quando foram registrados 5,86 km² de desmatamento. Em fevereiro, foram 40,49 km² sob alerta, um aumento de 58% em relação ao mesmo período do ano anterior (25,81 km²). Em março, um novo recorde: 106 km² de desmatamento, número 72% maior que o mesmo período de 2021, quando foram gerados alertas para 61,41 km² no estado.

Novamente em abril, o Amazonas foi o estado que mais registrou avisos de desmatamento, ultrapassando Pará e Mato Grosso, que, historicamente, sempre ocupavam as primeiras posições do ranking de desmatadores.

Segundo a Sala de Situação da Amazônia (AMS), também do INPE, em abril de 2022 o desmatamento no Amazonas foi concentrado em Áreas Indefinidas, com 40,9% do total, seguido por Assentamentos Rurais, com 33,33%, áreas com Cadastro Ambiental Rural, com 23,3%, e Unidades de Conservação, com 2,29%.

Outros estados

Em todo o bioma, os alertas de desmatamento do sistema Deter chegaram a surpreendentes 1.012 km², área do tamanho da cidade de Belém.

Depois do Amazonas, o Pará ficou na segunda posição do ranking, com 287 km² de desmatamento, número seis vezes maior do que o mês anterior, quando foram detectados 45 km² de desmatamento.

O terceiro lugar do ranking foi para o Mato Grosso, que registrou 242 km² de desmatamento em abril, número 124% maior do que o mês anterior.

Em seguida, vem Rondônia, com 108 km² de área sob alerta, seguido por Roraima, com 16,7 km², Acre e Maranhão, ambos com 6 km² e Tocantins, com 1 km² sob alerta de desmatamento. Não foram registrados alertas no Amapá.

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

Leia também

Notícias
19 de dezembro de 2025

STF derruba Marco Temporal, mas abre nova disputa sobre o futuro das Terras Indígenas

Análise mostra que, apesar da maioria contra a tese, votos introduzem condicionantes que preocupam povos indígenas e especialistas

Análises
19 de dezembro de 2025

Setor madeireiro do Amazonas cresce à sombra do desmatamento ilegal 

Falhas na fiscalização, ausência de governança e brechas abrem caminho para que madeira de desmate entre na cadeia de produção

Reportagens
19 de dezembro de 2025

Um novo sapinho aquece debates para criação de parque nacional

Nomeado com referência ao presidente Lula, o anfíbio é a 45ª espécie de um gênero exclusivo da Mata Atlântica brasileira

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.