Notícias

Destruição ambiental promovida por Bolsonaro é destaque em relatório mundial da HRW

Human Rights Watch denuncia “espetacular” política de devastação do meio ambiente registrada nos últimos anos como vetor de violações aos direitos humanos no Brasil

Cristiane Prizibisczki ·
13 de janeiro de 2023 · 1 anos atrás

A política de destruição ambiental executada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos anos ganhou destaque no Relatório Mundial da Human Rights Watch (HRW) 2023, como vetor da violação aos direitos humanos no Brasil. O documento foi divulgado esta semana.

A organização, que todos os anos analisa a situação de 100 países em relação ao tema, declarou nesta edição mais recente do relatório que a “espetacular destruição ambiental” promovida pelo último governo brasileiro veio acompanhada de graves violações, como violência, intimidação e morte daqueles que tentaram defender o meio ambiente.

Ao destacar o “vínculo inquebrantável” entre as pessoas e a natureza, e a universalidade do direito humano ao meio ambiente limpo, saudável e sustentável, o relatório lembrou da situação de vulnerabilidade e ataques vividos por povos indígenas e tradicionais durante os últimos quatro anos.

“Defensores indígenas da floresta são fundamentais para a proteção da Amazônia brasileira, um ecossistema vital para retardar a mudança climática por meio do armazenamento de carbono. Em vez de apoiá-los, o governo do então presidente Jair Bolsonaro permitiu o desmatamento ilegal e enfraqueceu as proteções dos direitos indígenas”, diz trecho do documento.

A organização cita como exemplos o aumento em 180% no número de invasões possessórias, extração de madeira, garimpo, caça e pesca ilegais em Territórios Indígenas em 2021, em relação a 2018. Também fala na redução no número de infrações ambientais lavradas durante o governo Bolsonaro, no aumento das taxas de desmatamento e queimadas e nas propostas legislativas antiambientais atualmente em tramitação no Congresso.

“Os defensores da floresta amazônica continuaram sofrendo ameaças e ataques. Três ambientalistas de uma mesma família foram assassinados no Pará em janeiro; um indigenista e um jornalista britânico foram assassinados no estado do Amazonas em junho; e um indígena guardião da floresta foi assassinado no Maranhão em setembro. Mais de 60 pessoas foram assassinadas no contexto de conflitos por terras e recursos naturais na Amazônia entre janeiro de 2020 e início de julho de 2022”, relembra a HRW em seu relatório.

De acordo com a organização, o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa implementar “imediatamente” um plano abrangente para reverter a destruição da Amazônia, o que inclui o restabelecimento da capacidade das agências encarregadas de proteger o meio ambiente e os direitos dos povos indígenas, e a rastreabilidade efetiva das cadeias produtivas.

Para ler o capítulo referente ao Brasil, clique aqui (em inglês).

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

Leia também

Notícias
18 de abril de 2022

Amazônia concentra 80% do total de assassinatos em conflitos no campo

Relatório divulgado nesta segunda-feira (18) pela Comissão Pastoral da Terra revela que, em todo Brasil, número de mortes por disputa de terra cresceu 75% entre 2020 e 2021

Notícias
13 de janeiro de 2022

Município onde família foi assassinada teve 62 mortes por conflito de terra nos últimos 40 anos

Mais de 50 organizações divulgaram uma carta pública cobrando autoridades sobre o assassinato da família de ambientalistas no município paraense, que acumula mortes por conflito de terra

Notícias
17 de abril de 2014

Metade das mortes de ambientalista no mundo ocorreu no Brasil

Ranking realizado em 35 países contabilizou 908 assassinatos entre 2002 e 2013. No Brasil, 448 pessoas foram mortas por defender o meio ambiente

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.