Em semana de leilão de petróleo, Brasil fala à comunidade internacional sobre transição energética

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, lançou nesta sexta-feira (20), em Bonn, Alemanha, a quarta carta à comunidade internacional, detalhando sua visão para a chamada Agenda de Ação, que buscará reunir iniciativas e casos concretos de atores que não sejam governos nacionais – empresas, cidades, estados e setor financeiro – na agenda climática.

A carta assinada por Corrêa do Lago enfatiza que a Agenda de Ação deve estar totalmente alinhada com o Acordo de Paris e com o Balanço Global, processo criado no tratado climático de 2015 para avaliar o progresso coletivo na luta contra as mudanças climáticas.

A carta, divulgada na mesma semana em que o Brasil realizou o leilão para abertura de novas frentes de exploração de petróleo e gás no país, incluindo a Foz do rio Amazonas, traz como primeiro eixo temático a transição energética, ao lado da Indústria e transporte.

Neste eixo, são citadas as ações que o governo brasileiro espera ver avançar: triplicar as energias renováveis e duplicar a eficiência energética; acelerar tecnologias de emissão zero e baixa em setores de difícil redução; garantir o acesso universal à energia e abandonar os combustíveis fósseis de forma justa, ordenada e equitativa.

Na terça-feira (17), dia da realização do leilão da Agência Nacional de Petróleo, diferentes organizações da sociedade civil chamaram a atenção para as contradições internas brasileiras. 

“Ao mesmo tempo em que cobra ação efetiva dos países ricos na transição energética, o Brasil deu hoje [dia 17] um péssimo sinal para quem se preocupa com a vida e o futuro neste planeta […]. Não será com palavras bonitas e acordos vazios que iremos salvar o mundo do cataclisma de eventos extremos cada vez mais intensos. O Brasil tem tudo para liderar a transição justa e o petróleo certamente não faz parte do futuro em um mundo em chamas”, disse Carolina Marçal, coordenadora de projetos do Instituto ClimaInfo, na ocasião.

Eixos da Agenda de Ação

Além do eixo “Transição Energética, Indústria e Transporte”, a carta da presidência da COP30 à comunidade internacional elenca outros cinco eixos temáticos que vão guiar a Agenda de Ação proposta:

– Gestão de Florestas, Oceanos e Biodiversidade
– Transformação da Agricultura e dos Sistemas Alimentares
– Transformação da Agricultura e dos Sistemas Alimentares
– Construindo Resiliência para Cidades, Infraestrutura e Água
– Fomentando o Desenvolvimento Humano e Social
– Questões transversais – Destravando facilitadores e aceleradores, incluindo finanças, tecnologia e capacitação

Para Corrêa do Lago, a ideia da agenda de ação é dar mais “poder” aos atores que não participam diretamente das negociações, mas são essenciais para a implementação, como empresas, governos subnacionais e sociedade civil.

“Queremos que esta COP seja uma COP de soluções, uma COP de ação, uma COP de implementação. Pensamos, portanto, em uma Agenda de Ação de forma bastante estruturada. Teremos seis eixos de discussão, todos com foco forte na implementação do Balanço Global”, disse o embaixador, durante a apresentação oficial do documento.

Leia a carta na íntegra aqui.