
Desde 2010, um grupo de voluntários, liderados pelo Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental e pela Universidade Federal de Santa Catarina, realiza mutirões para a retirada de pínus invasores localizados nas dunas da Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Em 10 anos, mais de 370 mil pínus foram arrancados e cerca de 200 hectares de restinga estão em processo de restauração.
A introdução desses pinheiros na região ocorreu na década de 1960, mas não houve uso econômico após a reintrodução. Em 1988, o local foi transformado em Parque Municipal. O pinheiro, que possui sementes leves, facilmente carregadas pelo vento, tomou conta da paisagem em pouco mais de 4 décadas, competindo com as espécies locais – algumas que só existem ali, como a Campomanesia littoralis e Cyphomandra maritima, – por espaço, sol e água.
A invasão biológica por Pinus elliottii, nativas do Hemisfério Norte, atualmente está controlada no Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, graças ao trabalho desenvolvido pelo Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, com apoio técnico-científico do Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação (Leimac), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que desenvolve estudos e atividades de extensão no local, e às dezenas de voluntários que, todo mês, tiram um dia para ajudar a arrancar o mal pela raiz (literalmente).
A invasão biológica é uma das 5 causas de perda de biodiversidade do mundo.
Embora o invasor seja persistente, o impacto positivo da retirada na paisagem e nas espécies locais já são sentidos. Pouco a pouco, a ambiente de restinga ressurge como deveria ser, com as espécies nativas reocupando o espaço. Para comemorar os 10 anos de atividade, o Instituto Hórus divulgou um vídeo em homenagem aos voluntários.
Atividades de controle
Até o momento, mais de 100 atividades de controle de pínus foram realizados. Os voluntários são principalmente moradores do entorno do Parque e de Florianópolis, alunos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Santa Catarina e outros interessados na conservação do parque.
Em 2020, por causa da pandemia do novo Coronavírus, apenas duas atividades de manejo foram feitas na unidade de conservação. “Fazemos ao menos um mutirão por mês. A madeira fica decompondo no local. Não teria como retirar de lá, degradaria muito a área”, explica Michele de Sá Dechoum, coordenadora do Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação (Leimac), da UFSC.
Galeria: Fora pínus













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