O Forest Day, maior evento de Copenhague sobre a relação entre florestas e mudanças climáticas, tem um sentimento de otimismo, pois pela primeira vez profissionais da área sentem que as negociações do clima estão perto de aprovar o mecanismo REDD – Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal. No entanto, como resumiu bem a diretora-geral do Centro Internacional de Pesquisa Florestal (CIFOR), Francis Seymour, em sua terceira edição, o encontro mostra que a fase de implementação de políticas florestais com foco na mitigação de emissões de carbono ainda é um grande desafio.
Um dos discursos mais incisivos foi feito pelo economista Nicholas Stern. Ele repetiu sua visão de que reduzir as emissões por desmatamento é um jeito mais rápido, barato e efetivo de interferir na tendência de crescimento das concentrações de carbono na atmosfera. Seu cálculo é de que nos próximos anos seria preciso US$ 15 bilhões por ano para a fase do REDD que vai capacitar países a formar projetos e a monitorá-los. Stern foi claro na cobrança de um comprometimento dos países desenvolvidos em financiar o esforço das nações tropicais em reduzir o desmatamento. “Certamente temos responsabilidade para pagar pelos custos de se reduzir o desmatamento”, disse.
O discurso de Nicholas Stern foi seguido por apresentação feito pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga, sobre suas expectativas para o acordo do clima. Ele expressou sua crença de que o mecanismo de REDD é uma oportunidade grande para financiar projetos ambientais com impactos sociais positivos. Citou o programa Bolsa Floresta como exemplo e disse acreditar que sem compensação para famílias e agricultores não é possível baixar as derrubadas. “Eu estava com uma moradora da floresta e ela me disse, eu tenho cortar essa árvore para alimentar o meu filho. “, ele contou a platéia do Forest Day.
Braga voltou também a reforçar a meta de que vai zerar o desmatamento do Amazonas em 2030. Ele descreveu o projeto em quadro estágios. Primeiro coibir as derrubadas dentro de áreas protegidas, depois nas zonas de amortecimento, e então trabalhar nas zonas rurais. O último estágio seria interromper a expansão urbana que causa desmatamento. Para que isso tudo aconteça, no entanto, ela afirma que será preciso muita ajuda internacional, pelo menos R$ 5 bilhões por ano.
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