
Mas alguns dos hortifrúti mais populares vêm de grandes produtores. “A cenoura e a batata-inglesa (batatinha), por exemplo, costumam ser provenientes de produtores especializados de Minas Gerais e São Paulo. Nessas propriedades é alto o nível de ‘tecnificação’ das lavouras, bem maior do que aquele da Região Serrana. Os produtores dessas hortaliças ou trabalham em regime de monocultura ou, no máximo, se especializam em dois produtos”, conta Abboud.
O Brasil é um dos três maiores produtores de frutas do mundo, atrás apenas da China e Índia. A produção de frutas ultrapassa 40 milhões de toneladas e representa cerca de 5% da produção mundial.
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…a preocupação com o manuseio dos alimentos e o uso de agrotóxico para o cultivo fica a cargo do produtor. Aos comerciantes cabe o papel de intermediários…
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O presidente da CEASA, Leonardo Brandão, reconhece que não tem condições de controlar a qualidade ou a exposição a agrotóxicos dos produtos que passam por esse grande centro distribuidor e seguem para abastecer supermercados, mercados, feiras, restaurantes e hotéis. “Minha gestão tem poucos meses, mas já começamos a fazer um trabalho de informação, de conscientização. A gente não tem nem estrutura para mais que isso”, diz. Ele mesmo produtor de orgânicos em Itaboraí, a 45 quilômetros do Rio de Janeiro, Brandão se considera um natureba. “Pessoalmente, acho que a gente pode produzir sem agrotóxico. Entendo que numa escala maior pode ser necessário, mas só dentro dos padrões”.
Os alimentos que abastecem a sua loja vêm da Região Serrana do Rio e de estados como Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. “Os ovos vêm, a maioria, do Espírito Santo, além de tubérculos como batata doce, inhame, cenoura, tomate e repolho. A cebola vem do interior de São Paulo e Santa Catarina”, diz Egnaldo. A loja onde trabalha tem um cadastro de mais de 100 produtos, muitos sazonais. “Tem produto que não dá o ano todo como morango, ameixa nacional e caqui”. Seus clientes geralmente compram uma quantidade de pelo menos 20 caixas ou sacas. São compradores que representam supermercados, sacolões e hortifrutis. “A Real não trabalha mais com supermercados famosos, porque os de grande porte, hoje em dia, buscam na própria roça e não vem mais à CEASA”, explica.
Repetido a pergunta se os comerciantes têm preocupação de conhecer a qualidade e segurança dos alimentos que vendem, ele é definitivo: – Isso é do produtor, você não vai encontrar essa resposta aqui dentro da CEASA.
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