Ja são 17h de sábado, 10 de dezembro, e as negociações ainda não chegaram ao fim na Conferência do Clima da ONU, a COP17, que ocorre em Durban, Africa do Sul. As negociações estavam previstas parta terminar ontem. O ICC – International Convention Centre está quase vazio, muito diferente do movimento de pessoas nas últimas duas semanas.
Apenas uma pequena quantidade de jornalistas espera na sala de imprensa por alguma notícia, que pode sair a qualquer momento. Muitas pessoas já pegaram seus voos de volta, pois ninguém imaginava que as negociações pudessem se estender até tao tarde.
Mas esta difícil chegar a um acordo, de fato. De quinta para sexta, os ministros e chefes de delegação ficaram até as 4h da manhã negociando os primeiros rascunhos de textos elaborados (veja aqui as versões iniciais – parte 1 e parte 2). No entanto, muitos países (principalmente aqueles mais vulneráveis às mudancas do clima) não aceitaram o texto, que teve que ser reelaborado pela presidência da COP17.
Já era mais de meia noite ontem e as negociações estavam suspensas. Para evitar um fracasso total em Durban, mais um texto começou a ser elaborado e negociado, sobre o Fundo Verde Climático. Sobre esse assunto, as expectativas são mais positivas, pois alguns países da União Europeia garantiram depósito de dinheiro para que comece a funcionar o quanto antes.
As novas versões foram divulgadas (veja aqui o ultimo texto), mas negociações seguem até o final da tarde desde sábado. Há rumores de que já estão na fase final, tratanto das questões do Protocolo de Quioto. No entanto, como esse era um dos pontos mais delicados e com mais discordâncias entre as partes, pode ser que ainda leve um certo tempo para termos o resultado final da COP17 divulgado.
Noite em Durban
No intervalo da plenária, o embaixador Luiz Alberto Machado, negociador-chefe do Brasil, veio avisar aos jornalistas que as negociações estão indo bem e devem ser encerradas ainda hoje. Segundo período do Protocolo de Quioto, mesmo ainda sem metas claras, é uma data para implementar a próxima fase de um acordo global com todas as nações incluídas para redução de gases estufa parecem estar assegurados. “Estamos elaborando o texto técnico final e houve muitos progressos. Sair daqui com a data de 2020 estabelecida para o acordo global de metas obrigatórias e importante para nós, pois marca o compromisso de que um novo acordo tenha que estar ratificado e tenha que entrar em vigor. Quioto levou oito anos, não queremos repetir isso, e sim evitar o chamado gap de implementação entre os atuais os compromissos e as ações de todos os países que vão ate 2020 (implementação do Plano de Ação de Bali e dos Acordos de Cancun) e a próxima fase da luta contra as mudanças do clima. Em 2015 será o término efetivo das negociações sobre essa nova etapa”, conta.
Ele acrescenta também que estão elaborando um documento de ações concretas. “Me deixa feliz que está sendo contemplado um programa de aumento de ambição de redução de emissões e ao mesmo tempo de implementação de ações claras, como por exemplo um texto que fala sobre aumento do uso de energias renováveis. Ou seja, ações concretas que levam a uma luz real em termos das mudanças do clima”, comemora. Para Machado, tudo deve ficar acertado aqui na COP17, na pior das hipóteses, na COP18, em 2021, no Qatar.
Uma hora depois, a presidente da COP17, Maité Nkoana- Mashabane, deixou uma mensagem pública pedindo que as partes se conscientizem que precisamos ter um consenso para lutar contra o clima. Ela ressaltou que assim como houve Plano de Bali e Acordo de Cancun, as partes estão trabalhando em um Acordo de Durban.
Atualização
Já é noite em Durban, quase 20h, as negociações seguem em grupos separados e não tem hora para terminar.
Leia também

Águas de março
A música teria sido composta em seu sítio, na Região Serrana do Rio de Janeiro – que, ironicamente, foi destruída pelas chuvas em janeiro de 2011 →

Drones: a nova fronteira tecnológica para o monitoramento da fauna
Cada vez mais o aparelho, munido de câmera termal e colorida, tem ajudado pesquisadores a fazerem registros de animais em áreas de difícil acesso →

Justiça é última barreira de leis e decretos que fragilizam a proteção ambiental na Amazônia Legal
Projetos aprovados por Assembleias Legislativas ou decretos de governadores entram em conflito com legislação nacional, e são anulados pelo Judiciário; classe política local segue alinhada ao bolsonarismo →
num país de faz de conta, por mais deploráveis que sejam as iniciativas de algumas casas legislativas estaduais, e dos próprios especuladores, criminosos ambientais, que surfam na esperança da impunidade, a lentidão da justiça apenas reforça a sensação dessa impunidade. Enquanto o Brasil não se tornar um país sério, em que as leis e a constituição são para valer, as lamentações dos ambientalistas, como eu e outros, serão inócuas. Triste e desanimador reconhecer essa realidade, que favorece aos que causam danos ao meio ambiente. Privatizam-se os ganhos às custas dos estragos ao meio ambiente – perda de todos – socialização dos prejuízos…