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Amazônia: desmatamento anual caiu 18%, mas ainda é alto

Em 2013, o número cresceu 28%. Hoje, o governo divulgou número que mostra queda, mas desmatamento continua maior do que estava há dois anos.

Eduardo Pegurier ·
26 de novembro de 2014 · 10 anos atrás

O ministro da Ciência e Tecnologia, Clelio Campolina Diniz e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciam a diminuição da taxa do desmatamento na Amazônia. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro da Ciência e Tecnologia, Clelio Campolina Diniz e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciam a diminuição da taxa do desmatamento na Amazônia. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Saiu hoje o novo número anual do desmatamento na Amazônia Legal, e ele surpreendeu os especialistas porque mostrou uma queda de 18% entre agosto de 2013 e julho de 2014, comparados aos 12 meses anteriores. A medida é feita pelo PRODES, o sistema utilizado pelo INPE que utiliza imagens de satélites Landsat, capazes de detectar corte raso (desmatamento total) em áreas iguais ou maiores do que 6,25 hectares.

O resultado é uma perda de 4.848 hectares em 2014, contra 5.891 em 2013 (menos 18%). Trata-se ainda do resultado preliminar. Segundo o INPE, o número consolidado pode ser 10% maior ou menor do que o divulgado hoje.

A área desmatada anual, na Amazônia, caiu 83% ao longo de 8 anos seguidos, de 2004 a 2012, vitória festejada no mundo como proeza brasileira. Houve o repique de 28% em 2013. E o resultado de 2014 ainda nos deixa em um patamar 6% acima da área desmatada em 2012. Ou seja, a mudança é boa quando comparada a base do ano passado, mas não garante que retornamos a uma trajetória de queda.

A surpresa com a queda ocorre porque os dois sistemas mensais de alerta de desmatamento apontavam estabilidade ou aumento. O sistema SAD, da ONG Imazon, apontava um aumento de 2% para o mesmo período; e o Deter, sistema de alerta do próprio INPE, indicava um aumento de 9,8%. Ambos são menos precisos do que o número anual, mas costumam apontar na mesma direção. Então, era de se esperar que o PRODES viesse na mesma linha.

“A gente torce pela queda do desmatamento”, disse Carlos Souza, pesquisador sênior do Imazon. “Entretanto, observo que esse número do PRODES ainda é o preliminar, embora nos últimos anos o número consolidado tenha mostrado pouca diferença”. Caso o número consolidado confirme essa medição, para Souza isso suscita investigar porque dessa vez os alertas não apontaram para essa queda.

A outra questão é que o PRODES de hoje já é passado, refere-se a uma medição que terminou em julho. De lá para cá, os alertas dispararam. O SAD, do Imazon, mediu um aumento de 291% entre agosto e outubro deste ano. “Não podemos comemorar essa queda e perder o foco nos números que indicam uma subida drástica nos meses que se seguiram”, disse Souza. A Folha de São Paulo publicou que os números do DETER também vieram altos para os meses de agosto, aumento de 208%, e setembro, aumento de 66% e levantou suspeitas de represamento com fins eleitorais. Dias antes, a presidente Dilma Rousseff adiantou que o desmatamento iria cair. Os dados mensais mostraram o contrário. Agora, é possível interpretar que Dilma já tinha informações sobre o total anual do Prodes divulgado hoje.

Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, comemorou durante o anúncio: “É a segunda menor média histórica do desmatamento na Amazônia. Mostra o compromisso do governo com a política nacional de clima, que a meta é 2020 para chegar a 3.925 km² e que nós estamos antecipando, estamos a frente do que era esperado”.

Estados

Entre os 9 estados que compõem a área da Amazônia legal, 7 tiveram queda de desmatamento. Entretanto, no Acre houve um aumento de 41% e em Roraima de 37%. O gráfico e a tabela abaixo mostram a variação percentual em cada estado para os últimos 4 anos.

 

*Matéria editada em 27/11/2014 às 5h20

 

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  • Eduardo Pegurier

    Mestre em Economia, é professor da PUC-Rio e conselheiro de ((o))eco. Faz fé que podemos ser prósperos, justos e proteger a biodiversidade.

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