
Quarenta e cinco anos após a fundação ocorreu o “1º Encontro Científico do Parque Estadual do Desengano”, celebrado como oportunidade de troca de experiências entre gestores e pesquisadores. O evento ocorreu nos dias 25 e 26 de junho, na sede do parque, no município de Santa Maria Madalena. O público foi de 170 pessoas, que puderam assistir a palestras de especialistas e ver 12 painéis sobre pesquisas já realizadas ou em andamento no interior desta unidade de conservação.
“Um dos objetivos das UCs é exatamente esse, gerar conhecimento científico, entender como funciona aquele ambiente”, disse Eduardo Lardosa, gerente de Fauna do Inea.
Criado em 1970, o Parque Estadual do Desengano possui 22,4 mil hectares e está localizado no norte fluminense, na porção em que termina a Serra do Mar. Preserva o último remanescente significativo de Mata Atlântica da região e abriga animais ameaçados de extinção, como o gato-maracajá (Leopardus wiedii), onça-parda (Puma concolor), preguiça-de-coleira (Bradypus torquatur) e o muriqui-do-sul (Bracgyteles arachnoides) – maior primata das Américas, ameaçado de extinção e símbolo da UC.
“Essa conversa é imprescindível para ajudar a academia com novas informações, metodologias e capacidades para a conservação da biodiversidade”, disse Gustavo Martinelli, pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ele fez palestra sobre endemismo (espécies que só existem em um local) versus as espécies da flora ameaçadas de extinção na região.
O plano de manejo do PE Desengano passa por uma revisão. É um momento de oportunidade para melhorar a administração. “Facilita tomar decisões com base em pesquisas e não em achismo. A ciência conversa com a realidade do dia a dia da gestão”, disse Carlos Dário, chefe do parque.
Entre as instituições representadas no encontro estavam o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Instituto Federal Fluminense (IFF). O evento também homenageou o historiador ambiental Arthur Soffiati, pelo trabalho que desenvolve na região desde a década de 70.


|
Leia também
Área de Proteção Ambiental Guapi-Mirim, caso bem-sucedido de integração com uso sustentável
Barragem Guapiaçu: entre o diálogo e tratoraço
Comperj pode condenar parques e reservas
Leia também

Os Akroá-Gamella resistem e lutam por reconhecimento
Desde 2014, os gamella aguardam demarcação de suas terras e sofrem ataques violentos de fazendeiros da região, irritados pelo processo de retomada deste povo →

Advogado assume chefia da Superintendência do Ibama no Amapá
Ministro do Meio Ambiente nomeia advogado sem experiência na área ambiental para chefiar Ibama no Amapá. Superintendência estava sem chefe desde novembro →

Carlos Nobre é segundo brasileiro a ser eleito para Royal Society depois de Dom Pedro II
Cientista ingressa como Membro Estrangeiro por seu trabalho ligado aos estudos climáticos na Amazônia. Ele fará parte de rol que conta com nomes como Albert Einstein e Isaac Newton →