Em mais uma prova de que nem todos são iguais perante a lei, especialmente a ambiental, o Ibama devolveu peças de artesanato feitas com partes de animais selvagens apreendidas em duas lojas de Canarana (MT) durante a Operação Moda Triste. Mais de cem índios reunidos na câmara municipal, incluindo trinta caciques, foram suficientes para intimidar os representantes do órgão. A batata quente caiu na mão de “instâncias superiores”, que resolverão se a multa de 13 mil reais será paga ou não.
Não é a primeira vez que há problemas entre índios desejosos de entrar na economia de mercado comercializando partes de animais silvestres e a fiscalização do Ibama. Parecia que havia consenso de que a comercialização de artesanato com partes de animais não é permitida, como disposto na Lei de Crimes Ambientais. Deixando de lado a duvidosa sustentabilidade deste tipo de artesanato, sem falar no gosto duvidoso de pendurar pedaços de animais mortos na sala de visitas, o acontecido em Canarana mostra que não são apenas os poderosos de sempre que conseguem dobrar a fiscalização ambiental.
Leia também

Projeto que reduz licenciamento ambiental passa em comissões do Senado e vai ao plenário
PL 2159/21 prevê autorização autodeclaratória e menos proteção a povos tradicionais e unidades de conservação. “Implosão”, define o Observatório do Clima →

Petrobras avança mais uma etapa no processo para exploração da Foz do Amazonas
Ibama aprova plano da petrolífera sobre fauna atingida. Anúncio contraria parecer técnico e acontece dias depois de presidente da empresa dizer “Vamos perfurar” →

Agenda do presidente definirá data de anúncio do plano de proteção à biodiversidade
Previsão é que até 5 de junho o governo publique decreto com diretrizes da estratégia nacional, que envolve também setor privado e sociedade civil →