Salada Verde

Ibama explica parecer de Belo Monte

Em Altamira (PA), técnicos do órgão esclarecem os pareceres técnicos que barram a emissão da licença de instalação.

Redação ((o))eco ·
20 de novembro de 2010 · 14 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Reunião dos moradores atingidos pela barragem de Belo Monte (foto: Karina Miotto)
Reunião dos moradores atingidos pela barragem de Belo Monte (foto: Karina Miotto)
Altamira – Durante mais de cinco horas, em uma reunião que terminou às 23h desta sexta (19), técnicos do Ibama estiveram com líderes locais de Altamira (PA), estudantes, representantes do Consórcio Norte Energia e organizações não governamentais para discutir questões relativas à hidrelétrica de Belo Monte. Pescadores, agricultores, indígenas e ribeirinhos, além de entidades como Ministério Público Federal, Funai, Amazon Watch, International Rivers e Instituto Socioambiental (ISA) estiveram presentes.

A reunião aconteceu depois da emissão de dois pareceres, respectivamente nos dias 5 e 20 de outubro, que resultaram no adiamento do início das obras para a construção da usina. O segundo deles afirma que, “em que pesem os avanços realizados, restam condicionantes e ações antecipatórias necessárias à preparação da região, cujo não atendimento compromete o início da implantação das instalações iniciais. Desta forma, não é recomendada a emissão de Licença de Instalação para as instalações iniciais do AHE Belo Monte”.

A conversa foi marcada por manifestações indignadas, elogios de quem representa o consórcio e muitas explicações dos técnicos do Ibama – que, por alguns momentos, pareciam respirar fundo para não perder a compostura. Os principais questionamentos foram em relação à emissão da licença de instalação.

Sem o cumprimento de 40 condicionantes, entre elas as que se referem à melhoria da infraestrutura da cidade de Altamira com mais hospitais e escolas, entre outras coisas, para que tenha condições de receber milhares de migrantes,  técnicos do órgão recomendaram a não autorização da obra. As informações que a população de Altamira e arredores têm a respeito da usina são insuficientes. “Como vocês vêm até aqui e não sabem nem dizer quais áreas de Altamira serão alagadas?”, questionou Fabiano Vitoriano, do Movimento dos Atingidos por Barragens.

 “Não temos condição de conhecer todas as áreas e populações afetadas. Nos interessa saber se o que é proposto para a minimização dos impactos é viável ou não”, respondeu Paula Melo, analista ambiental do órgão. O Ibama, claro, não tem todas as respostas. Mas uma, parece ter. “A usina vai sair”, afirmou Adriano Queiroz, coordenador geral de licenciamento do órgão. Se respeitar todas as regras jurídicas, pode sair sim. De preferência, depois do cumprimento das mais de 40 condicionantes. (Karina Miotto)

Leia também

Reportagens
10 de setembro de 2024

Em Rio Branco, candidatos não tratam fumaça como emergência de saúde

((o))eco analisa como candidatos à prefeitura da capital acreana abordam alguns dos principais problemas ambientais da cidade: queimadas, secas, enchentes, saneamento básico e tratamento de água

Notícias
10 de setembro de 2024

Animais silvestres enfrentam fogo, fome e sede no Pantanal

ONGs tentam reverter veto do MT para ajuda à fauna nativa e avisam que a biodiversidade será prejudicada no longo prazo

Colunas
10 de setembro de 2024

Como a ciência cidadã transforma a pesquisa sobre o oceano

Com 80% do Oceano ainda inexplorado, a participação dos cidadãos na coleta de dados emerge como uma poderosa ferramenta para a conservação marinha

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.