Salada Verde

Em plena piracema, peixes mortos no Pantanal.

Contrariando o conhecimento da região, mortandade ocorreu no rio Negro. Laudo investiga se ação antrópica pode ter causado fenômeno. 

Redação ((o))eco ·
1 de fevereiro de 2011 · 14 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
foto: PMA/MS
foto: PMA/MS
Campo Grande (MS) – Milhares de peixes de várias espécies foram encontrados mortos boiando no dia 26 de janeiro no rio Negro, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Segundo moradores da região, os peixes apareceram a cerca de um quilômetro a montante da Fazenda Rio Negro, conhecida nacionalmente por servir de locação para a novela Pantanal e que depois tornou-se base de pesquisas da ONG Conservação Internacional. Na região há fazendas de pecuária que trabalham com ecoturismo. A área é uma das mais ricas em biodiversidade do mundo.

Especialistas citam duas hipóteses para a mortandade: o fenômeno natural da dequada – ocasião em que o pulso de inundação eleva a quantidade de matéria orgânica nos cursos d’água, ocasionando falta de oxigenação e consequentemente morte da ictiofauna – e a ação antrópica, causada por desmatamento, queimada ou uso de defensivos agrícolas que podem ter sido carreados com sedimentos para o curso fluvial.

O biólogo André Luiz Siqueira, diretor de Políticas Públicas da ONG Ecoa Ecologia e Ação, a mais atuante no estado, afirma que o fenômeno é muito comum na calha do rio Paraguai, mas que até então não havia sido registrado no rio Negro: “Não há indústrias na região, mas há possibilidade de contaminação ocasionada em alguma fazenda. Não se sabe ao certo, pois na dequada do rio Paraguai os peixes agonizam antes da morte. Se for isso o que aconteceu no rio Negro, vale uma investigação mais aprofundada, já que é praticamente inédita naquele rio. Mas vale ressaltar que pesticidas, agrotóxicos, queimadas e crescimento de massa vegetal no leito do rio são agravantes para o fenômeno”.

A dequada provoca variações nas características físico-químicas da água, como cor, condutividade, alcalinidade, com elevados teores de gás carbônico, letais para praticamente todas as espécies de peixes. Dependendo da magnitude, pode causar mortandade natural de milhares de toneladas de peixes.

O rio Negro é um dos mais importantes tributários da planície pantaneira, alem de ser considerado berçário de peixes. A única modalidade de pesca permitida nele é a esportiva (pesque e solte). A maior preocupação de ambientalistas e moradores da região é o fato de que o defeso, período de reprodução dos peixes, acontece agora, ocasião em que a pesca está proibida até o fim de fevereiro. Equipes do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), IBAMA e Polícia Militar Ambiental foram enviadas à região para análise e coleta de amostras de água e ictiofauna. As análises laboratoriais devem ser concluídas em cinco dias. As autoridades aguardam o laudo técnico para tomar providências. (Fábio Pellegrini)

Leia também

Colunas
11 de novembro de 2024

As COPs sob o jugo do petróleo

Estamos revivendo nas COPs a velha fábula da raposa no galinheiro, onde os países mais envolvidos com a produção de petróleo sediam conferências climáticas em que um dos grandes objetivos é justamente eliminar os combustíveis fósseis

Notícias
11 de novembro de 2024

Sentados sobre petróleo, países se reúnem no Azerbaijão para discutir crise climática

“Nós devemos investir hoje para salvar o amanhã”, diz presidente da COP29, Mukhtar Babayev, que já foi vice-presidente de petrolífera estatal no país

Colunas
11 de novembro de 2024

A ciência precisa estar conectada com a cultura 

Se influencers e criadores de conteúdo convertem milhares de reais em compras, será que eles não engajam pessoas na pauta climática?

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.