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Mesmo em época de chuva, Cerrado tem queimadas acima da média em janeiro

INPE registrou 763 focos de incêndio no bioma para o período, número 33% maior do que a média para o mês. Regiões que mais queimam são grandes produtoras de soja

Cristiane Prizibisczki ·
4 de fevereiro de 2022 · 3 anos atrás
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O Cerrado, segundo maior bioma brasileiro e cujo período de chuvas se estende de outubro a abril, registrou 763 focos de incêndio em janeiro de 2022. O número é 33% maior do que a média para o mês (573 focos), segundo o Programa Queimadas, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), e o segundo maior desde 2015.

Mesmo com intensa precipitação registrada na região centro-oeste do Brasil, o Cerrado já registra 51 focos nos quatro primeiros dias de fevereiro.

A plataforma do INPE com a situação atual dos incêndios indica grande concentração de focos no extremo oeste baiano, sudoeste do Piauí e sul do Maranhão. Nessas regiões é onde há grande produção de soja, que segue em alta no mercado. Ontem (3), a saca do grão atingiu recorde de preço, com saca chegando a R$200.

Segundo outro sistema de monitoramento do INPE, o DETER, que gera alertas de desmatamento, em janeiro de 2022, o Cerrado registrou 207 km² de perda de vegetação nativa, uma alta de quase 40% em relação ao mesmo período de 2021.

Outros biomas

A Amazônia registra, até esta sexta-feira, 1.292 focos de incêndio, segundo a plataforma do INPE. O número está abaixo da média para o período. Na Mata Atlântica são registrados 417 focos, no Pampa, 167 focos, Pantanal, 83 focos e Caatinga, 171 focos, até esta sexta-feira.

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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