A redescoberta de uma espécie de ave, a Bahama Nuthatch (Sitta insularis), nas Bahamas, considerada extinta após a passagem de um furacão, deixou duas equipes internacionais de ornitólogos em êxtase. A descoberta foi feita em maio e os registros foram revelados agora pela Universidade de East Anglia (UEA), no Reino Unido.
Matthew Gardner e David Pereira, alunos de mestrado da Universidade de East Anglia (UEA), percorreram cerca de 700 quilômetros, cobrindo 464 pontos de pesquisa em 340 mil hectares da floresta de pinheiros, na ilha de Grand Bahama, atrás de vestígios da espécie. Em 2016, a passagem do furacão Matthew na ilha provocou tanto estrago que se temia que a espécie, já em declínio, tivesse sido extinta.
“Estávamos vasculhando a floresta há cerca de seis semanas e quase perdemos a esperança. Nesse ponto, andamos cerca de 400 km. Então, de repente, ouvi o seu chamado peculiar e vi a forma inconfundível de um nuthatch descendo em minha direção. Eu gritei de alegria, eu estava em êxtase!”, afirma Matthew Gardner.
Na mesma época, uma outra equipe, liderada pelo pesquisador Zeko McKenzie, da Universidade das Bahamas-Norte, e apoiada pela American Bird Conservancy, partiu em uma pesquisa independente.
O Nuthatch foi localizado em uma pequena área conhecida como Lucaya Estates. Durante o projeto de pesquisa, as aves foram vistas e ouvidas em três locais distintos, próximos desta área. “As fotografias mostram claramente essas espécies distintas e não podem ser outra coisa”, disse Michael Parr, presidente da American Bird Conservancy e ex-aluno da UEA. “Felizmente, este não é um pássaro difícil de identificar, mas foi certamente um pássaro difícil de encontrar”, acrescentou.
Espécie à beira da extinção
Entretanto, nem tudo são flores nessa descoberta, pois há indícios de que só restem dois indivíduos — colocando a espécie à beira da extinção e certamente entre as aves mais criticamente ameaçadas do mundo.
“O Bahama Nuthatch é uma espécie criticamente ameaçada, que sofre com a destruição e degradação de habitats, espécies invasoras, desenvolvimentos turísticos, incêndios e danos causados por furacões”, afirma Diana Bell, da Escola de Ciências Biológicas da UEA.
Conhecido apenas em uma floresta de pinheiros na Ilha de Grand, cerca de 84 quilômetros a leste de Palm Beach, Flórida, o Bahama Nuthatch é um pássaro de bico comprido, que possui um chamado peculiar e barulhento. A ave tem sofrido com a redução progressiva de sua população ao longo dos anos, caindo de estimados 1.800 em 2004 para apenas 23 indivíduos em 2007, segundo pesquisa. O declínio provavelmente começou na década de 1950 devido à perda de habitat, ora por causa de remoção de madeira, ora devido a danos causados por furacões e tempestades que destruíram grandes áreas de floresta nativa. Desde 2017, o Sitta insularis figura na lista da IUCN como Endangered (EN), “em perigo”.
Assista ao vídeo do avistamento do Bahama Nuthatch:
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