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PF prende envolvidos em extração ilegal com explosivos na Serra da Canastra

Foram oito meses de investigação até chegar na organização criminosa que extraía pedras de quartzito do Parque Nacional, em Minas Gerais. 50 pessoas foram presas

Sabrina Rodrigues ·
26 de fevereiro de 2019 · 5 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Operação S.O.S. Canastra operou em sete cidades de Minas Gerais e nacidade paulista de Batatais. Foto: ICMBio/Arquivo

Agentes da Polícia Federal e do ICMBio participaram de uma ação conjunta para desmantelar uma organização que extraía pedras de quartzito de dentro do parque nacional da Serra da Canastra, em Minas. Os criminosos usavam explosivos para causar danos à fenda e depois retiravam o quartzito manualmente. O processo, além de provocar a quebra e desperdício de muitas peças de quartzito, é ambientalmente insustentável para ambientes que deveriam estar protegidos, como um parque nacional.

Por esse motivo, agentes da Polícia Federal e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) deflagraram na quarta-feira passada (20) a Operação S.O.S. Canastra, que resultou em 160 mandados judiciais, sendo 77 mandados de busca e apreensão, 73 mandados de prisão (20 preventivas e 53 temporárias), além de 10 caminhões confiscados.

Os mandados foram cumpridos nas cidades mineiras de Alpinópolis, Passos, Itaú de Minas, Carmo do Rio Claro, São João Batista do Glória, Piumhi e Belo Horizonte e na cidade paulista de Batatais.

Durante 8 meses os agentes apuraram o esquema de retirada ilegal das pedras, transporte e posterior comercialização. Segundo a Polícia Federal, os acusados operavam em cinco grupos: extratores, negociadores, vigias, donos de depósitos e motoristas.

Os extratores exerciam a função de donos de bancos, que correspondem a uma pequena área onde o quartzito era retirado. Os donos de depósitos encomendavam e adquiriam as pedras dos extratores, diretamente ou por meio de negociadores, para posterior comercialização. Os motoristas eram os responsáveis pelo transporte clandestino das pedras extraídas na área protegida para os depósitos onde seriam comercializadas. O vigia, por sua vez, trabalhava como negociador e recebia um percentual para ficar durante o dia todo vigiando a movimentação de pessoas e fiscalização dentro do parque.

Há um motivo ambiental para a proibição de exploração de mineração dentro de unidades de conservação de proteção integral, como um parque, por exemplo. Além do dano causado pela retirada em sim, a exploração da pedra incentiva o desmatamento e a degradação de solos e subsolos. Segundo a Polícia Federal, a extração do material era realizada por explosivos, com retirada manual através de ferramentas. Desse material, cerca de 85% eram rejeitos, que eram despejados dentro do parque, inclusive em leitos de rios e nascentes que formam a bacia do Rio Grande, que banha os estados de Minas Gerais e São Paulo.

Ao todo, foram identificados nove locais de extração, alguns com mais de dois quilômetros de extensão. A área diretamente afetada é de 181,7 hectares, o que corresponde a cerca de 180 campos de futebol. O parque possui 197.971,96 hectares.

Os presos, que não tiveram os seus nomes divulgados pela Polícia Federal, foram encaminhados para o presídio de Passos, em Minas Gerais, ficando à disposição da Justiça. Todos os envolvidos serão indiciados pelos crimes de organização criminosa, extração ilegal de minerais e danos ambientais.

 

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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Comentários 1

  1. Paulo diz:

    Parabéns.

    Quando o ESTADO quer, faz a lei ser cumprida na prática.