O agora deputado federal Nelson Barbudo (PL-MT) tomou posse hoje à tarde, na Câmara dos Deputados. Primeiro suplente do PL em Mato Grosso, ele assume a vaga deixada pela deputada Amália Barros, falecida no último dia 12. Barbudo volta à Câmara após cumprir mandato entre 2019 e 2022, não tendo conseguido a reeleição. Ruralista, ele esteve entre os deputados mais antiambientais da legislatura anterior, segundo o Monitor do Congresso de ((o))eco – ele votou a favor dos 5 projetos de lei antiambientais monitorados pela ferramenta.
Na tribuna da Câmara, após prestar o juramento de posse, o deputado lamentou o falecimento de Amália Barros, e disse que continuará “o trabalho que iniciei em 2019”. “Pelas pautas conservadoras, por justas causas, pela nossa pátria, pelo agronegócio, pela liberdade econômica e pela política do nosso país”, enumerou Barbudo. “Eu voltei como oposição, respeitando o meu partido, o PL, e tenho certeza de que serei um implacável perseguidor da justiça, do direito à liberdade de expressão e fiscalizador ferrenho desse governo”, completou.
Antes mesmo da posse, Barbudo já começava a recuperar o “ritmo” de seu mandato anterior. Antigo membro da Frente Parlamentar da Agropecuária, a bancada ruralista, no mandato anterior, ele esteve presente em reunião-almoço do grupo no início da tarde de hoje. Na mesma reunião, também esteve presente o ex-presidente Jair Bolsonaro, em sua primeira aparição pública após 13 dias de internação.
Histórico
Durante seu mandato anterior, o deputado se notabilizou como uma ameaça aos povos indígenas à preservação ambiental. Ainda antes de tomar posse, no fim de 2018, ele chegou a chamar a desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsédé, em Mato Grosso, realizada entre 2012 e 2013, de “um crime que cometeram contra os que produziam, geravam emprego e renda”.
À coluna do jornalista Lauro Jardim, a presidente da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), Eliane Xunakalo, expressou preocupação com a volta de Barbudo à Câmara. “A chegada dele significa que teremos mais luta, pois ele é totalmente anti-indígena e não consegue dialogar conosco”, resumiu. Ter o Barbudo de volta ao parlamento federal não será ruim apenas para os povos indígenas, mas para toda a sociedade mato-grossense e brasileira que precisa urgentemente de políticos que acreditem na ciência, nas mudanças climáticas e respeitem a ancestralidade indígena”, afirmou.
Outras pautas defendidas por Barbudo ao longo de seu mandato anterior foram a legalização da caça, que ele classifica como potencialmente “rentável”, e a limitação de multas ambientais a no máximo R$ 5 mil – ele próprio foi multado em R$ 78 mil, em 2005, por desmatar uma Área de Preservação Permanente (APP) dentro de sua propriedade.
O projeto para limitar as multas, o PL 4655/20, tramita atualmente junto ao PL 5067/16, que estabelece que multas em situação de desastre sejam revertidas para a região atingida. Na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, a proposição de Barbudo foi considerada “inadequada e incompatível orçamentária e financeiramente”. Os projetos estão agora na Comissão de Constituição e Justiça da casa.
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