Reportagens

Quase lá

Com 125 emendas, a nova versão do PL de Florestas Públicas foi apresentada oficialmente à comissão e deve ser votada na semana que vem. O clima é de vitória.

Andreia Fanzeres ·
18 de maio de 2005 · 19 anos atrás

Apesar da presença em massa e das faixas de protesto de servidores do Ibama, o clima foi de vitória durante a apresentação do relatório preliminar do projeto de gestão de florestas públicas (PL 4776/05) nesta quarta-feira, em Brasília (leia a íntegra do projeto, em arquivo .pdf). Depois de duas horas e meia de reunião, os deputados da comissão especial aceitaram quase todas as alterações do relator Beto Albuquerque (PSB-RS) no projeto. Também pudera. O relator acatou 41% das emendas sugeridas.


Segundo João Paulo Vieira de Oliveira, chefe de gabinete da deputada Vanessa Graziotin (PC do B-AM), o relator prometeu avaliar até a semana que vem questões como um conceito mais claro do que são comunidades tradicionais (já que, de acordo com o projeto, apenas elas terão acesso a algumas áreas de florestas) e a definição de áreas limites para a concessão de uso de florestas públicas.


O relator também ficou de estudar se alguns funcionários do Ibama passarão a fazer parte do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), a ser criado pelo PL, e de que maneira esse novo quadro vai ser composto. Aparentemente, o medo de enfraquecimento do Ibama foi dissolvido quando Beto Albuquerque anunciou o aumento de 10% para 30% no repasse de verbas do novo Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal para o órgão. “Mesmo com os servidores fazendo pressão no local, não houve vaias em nenhum momento”, conta o assessor do relator.


Beto Albuquerque acrescentou ao texto medidas para dar mais transparência aos contratos de concessão. Além de audiências públicas, os processos devem ficar disponíveis na internet para consulta de qualquer cidadão. O relator se viu vitorioso também ao estabelecer a obrigatoriedade do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (Eia-Rima) para todos os projetos de manejo. “A proposta do Ministério do Meio Ambiente era substituir o Eia-Rima por um estudo sócioambiental e o relator discordou. Agora, todos os empreendimentos que darão suporte à atividade fim da concessão precisarão do Eia-Rima”, comenta o assessor.


A previsão é de que o PL seja finalmente votado pela comissão especial na próxima terça-feira, 24 de maio. Da comissão deve ir para o plenário. Se não for apreciado em plenário até o dia 30 de maio, vai para a pilha de medidas provisórias e projetos em regime de urgência que estão trancando a pauta da Câmara. Esta semana, não houve acordo para votar as MP’s e desbloquear a pauta. Não há sinais fortes de que isto possa ocorrer na próxima. Mesmo após o café da manhã do presidente Lula com as lideranças da Câmara, não houve avanços na articulação da base e nada se vota em plenário.

  • Andreia Fanzeres

    Jornalista de ((o))eco de 2005 a 2011. Coordena o Programa de Direitos Indígenas, Política Indigenista e Informação à Sociedade da OPAN.

Leia também

Notícias
2 de julho de 2024

Com servidores ambientais em greve, ministra da Gestão se compromete a reabrir negociações

Categoria entrou em greve em 24 estados após fim das negociações pela reestruturação da carreira; promessa foi feita a servidores da Paraíba, durante evento em João Pessoa

Reportagens
2 de julho de 2024

Do Chuí ao Oiapoque na maior trilha do Brasil

Com mais de 2.500 quilômetros já percorridos, o francês Johann Grondin realiza sua maior aventura, literalmente, ir a pé de um extremo ao outro do Brasil

Reportagens
2 de julho de 2024

Calor extremo: como a crise climática impacta trabalhadores na América Latina

Eventos climáticos extremos e aumento das temperaturas colocam em risco saúde dos trabalhadores e demandam medidas de adaptação

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.