Saiu nesta quinta-feira (10) um balanço prévio do número de participantes na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, realizada no balneário de Sharm-el-Sheikh, Egito, de 6 a 18 de novembro.
No total, segundo lista divulgada pela ONU ontem, estão inscritas 33.449 pessoas na COP 27. Outro levantamento, divulgado hoje pela organização não-governamental Carbon Brief, mostrou que a maior delegação é a dos Emirados Árabes, que mandou 1.073 pessoas. Isso provavelmente se deve ao fato de que a nação irá sediar a Conferência no ano que vem.
A segunda maior representação é a brasileira, com 574 inscrições. O Brasil sempre se destaca nas COPs pelo número de participantes enviados. Ano passado, na COP 26, em Glasgow, foram 479 inscritos, número que só foi superado pela delegação do país sede. República Democrática do Congo aparece em terceiro lugar (459), seguido pelo Kenya (386), Canadá (377), Zimbabwe (264), Senegal (245), Uganda (241), República do Congo (237) e Iraque (235).
Importante ressaltar que os números podem ser menores. A cifra oficial de quem realmente esteve na COP – por enquanto o número se refere somente aos que estão registrados – é divulgado somente no final do evento.
Very Important People (VIP)
Hoje também foi o dia da chegada de pessoas importantes do Brasil, como as ex-ministras Marina Silva e Izabella Teixeira (Meio Ambiente), o ministro do Superior Tribunal Federal Roberto Barroso, as recém-eleitas deputadas Sônia Guajajara e Célia Xakriabá, que vão compor a bancada do cocar no Congresso, além de secretários de estados e ativistas, como Negro Belchior, do movimento negro, e Txai Suruí, da juventude indígena. Também estava presente o deputado Nilto Tatto, responsável pela área ambiental do Plano de Governo de Lula, e a deputada Joênia Wapichana, primeira mulher indígena a conquistar vaga de deputada federal, em 2018. Joênia não foi reeleita.
Pressão sobre negociações
Levantamento feito pelas organizações Corporate Accountability, Global Witness e Corporate Europe Observatory mostrou que as indústrias de óleo e gás enviaram 636 representantes para a Conferência realizada no Egito. A cifra representa um crescimento de 25% em relação ao ano passado.
Em um evento que se discute redução de emissões de gases estufa e transição para uma matriz energética limpa, a presença de tais indústrias é uma incoerência e uma ameaça: a sociedade civil teme que tais representantes influenciem nos resultados das negociações.
Bloco florestal
Com a vitória de Lula para a Presidência, o burburinho sobre a criação de um novo bloco de negociações, formado por Brasil, República Democrática do Congo e Indonésia, voltou a ganhar força. O tema tem sido discutido no âmbito da COP e está ganhando corpo, mas a possibilidade de que ele seja formalizado ainda durante o evento é pequena.
A ideia é que esses países, juntos, formem um “bloco florestal”, de forma a ganhar força para propor acordos comerciais, como venda de créditos de carbono e financiamento de programas de conservação.
*Editado às 12h35 do dia 11/11/2022.
Este boletim foi produzido como parte do Climate Change Media Partnership 2022, uma bolsa de jornalismo promovida pela Internews´ Earth Journalism Network e pelo Stanley Center for Peace and Security.
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