Ambientalistas do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), WWF e Conservação Internacional passaram hoje maus bocados na Câmara dos Deputados, em reunião conjunta das comissões de Meio Ambiente e Agricultura. Eles tiveram a “ousadia” de contestar dados do pesquisador Evaristo de Miranda, da Embrapa, que apontam cerca de 7% de terras disponíveis na Amazônia para produção, se toda a lei fosse respeitada.
A audiência aconteceu em meio ao recrudescimento das ações parlamentares para rasgar o Código Florestal brasileiro. Pelo tema, era óbvio que o encontro era contra árvores e bichos. Apesar disso, nenhum dos deputados que costumeiramente gostam de se dizer defensores da natureza apareceu na sala de debates.
Os ruralistas, é claro, compareceram em peso. Durante a audiência, o deputado Luis Carlos Heinze (PP/RS), pediu a palavra para dizer que a agropecuária brasileira era pressionada pelos bancos, pelos ambientalistas, pelos índios e pelo Ministério do Trabalho. Empolgadíssimo e indignado, afirmou que, em Goiás, fazendeiros se viram forçados até a matar fiscais do Trabalho para se livrar de tanta pressão.
Para os ecologistas, há por volta de 14% de solo para ser usado. “O estudo ignora aspectos da lei, como o fato de que áreas de preservação permanente na Amazônia podem ser contabilizadas na reserva legal, de que o zoneamento ecológico econômico pode reduzir de 80% para 50% a reserva legal em áreas alteradas e de que pode haver compensação de reservas legais, mantendo o uso desses espaços. Ao invés de discutir percentuais, deveríamos avaliar o que está ocorrendo nessas áreas desmatadas, se são realmente produtivas, por exemplo”, comentou um dos ambientalistas. Frente a esse tipo de argumento, “mentiroso” foi a palavra mais branda usada pelos parlamentares.
Para alguns ruralistas, a pesquisa só serve quando atende a suas ideologias e interesses
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