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COP30 – Em busca de um caminho do meio para o mapa do caminho sobre fósseis

Dois grandes blocos se opõem sobre o tema na Cúpula de Belém. Colômbia lidera iniciativa “paralela” que pede fim no uso de combustíveis fósseis

Cristiane Prizibisczki ·
21 de novembro de 2025

Belém (PA) – Um grupo de cerca de 80 países, liderados pelos Estados Árabes, tem mostrado oposição à entrada da menção a um Mapa do Caminho para o Fim dos Fósseis nos textos que vão sair da 30ª Conferência do Clima da ONU. Em contraposição, outro grupo igualmente grande faz questão que a COP30 termine com o caminho aberto para o avanço no tema. Nas horas finais da Cúpula de Belém, a presidência do evento coloca toda sua força diplomática em campo para tentar achar um “meio do caminho” para o Mapa do Caminho do Fim Fósseis.

Segundo apurou ((o))eco, uma reunião privada da presidência da COP30, somente com dois membros por bloco negocial, está agendada para o final da tarde desta sexta-feira (21). Quatro tópicos que estão encontrando maior dificuldade de consenso estão na agenda: financiamento para adaptação, medidas unilaterais de comércio, lacuna de metas climáticas (NDCs) e o Mapa do Caminho para o Fim dos Fósseis.

A criação de um roteiro para a descarbonização da economia vem sendo pedido pelo presidente Lula desde o início da Cúpula e a menção chegou a entrar – ainda que de forma tímida – em um dos rascunhos que circulou no último dia. No documento de rascunho que saiu na manhã desta sexta-feira (21), no entanto, a menção tinha sido totalmente excluída. 

Presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago, olha o telefone antes da reunião plenária na 30ª Conferência das Partes (COP30). Foto de Raimundo Pacco/COP30

Declaração de Belém

Um grupo de 25 países, liderados pela Colômbia, lançou oficialmente na manhã desta sexta-feira uma declaração pedindo o Roadmap sobre o tema. 

“Nós, os signatários abaixo, reunidos na COP30 em Belém do Pará, reafirmamos nossa determinação comum de trabalhar coletivamente por uma transição justa, ordenada e equitativa para longe dos combustíveis fósseis, alinhada com trajetórias compatíveis com a limitação do aumento da temperatura global a 1,5°C”, diz o documento.

Chamado de “Declaração de Belém para o Fim dos Fósseis”, o documento foi assinado por: Austrália, Áustria, Bélgica, Camboja, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dinamarca, Fiji, Finlândia, Irlanda, Jamaica, Quênia, Luxemburgo, Ilhas Marshall, México, Micronésia, Nepal, Países Baixos, Panamá, Espanha, Eslovênia, Vanuatu e Tuvalu.

“Esta COP não pode terminar sem um mapa claro para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis. Mais de 80 países apoiam um mapa do caminho”, disse a ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Irene Valez-Torres.

Além da Declaração, também foi lançada a primeira Conferência internacional para falar do tema. O evento está previsto para ocorrer na cidade colombiana de Santa Marta, entre os dias 28 e 29 de abril de 2026.

Na manhã desta sexta-feira, durante coletiva de imprensa da presidência da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago chegou a mencionar o assunto, ainda que indiretamente.

“Algumas das nossas prioridades podem não avançar como gostaríamos. Mas esta não é uma presidência direcionada a fazer o que o país anfitrião prefere ou favorece. Vocês têm uma presidência que favorece o fortalecimento de algo que será bom para todos nós”, disse Corrêa do Lago.

Até o fechamento desta matéria, não houve mudança no tópico. Se houver, ((o))eco poderá atualizar a reportagem.

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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