Os dados do desmatamento e degradação florestal na Amazônia caíram em março e abril de 2013. Os bons números foram apresentados pelo presidente do Ibama, Volney Zanardi Junior, em coletiva à imprensa na tarde desta segunda-feira (06). Essa é a quarta queda consecutiva na taxa mensal do desmatamento. Mesmo assim, no acumulado do ano (agosto2012/abril2013), o total desmatado ainda é 15% maior em relação ao mesmo período do ano passado (agosto2011/abril2013). O ano-calendário da medição do desmatamento começa em agosto.
Neste período, foram desmatados ou degradados uma área de 1873 quilômetros quadrados (km²) de floresta, contra 1631 quilômetros quadrados degradados ou desmatados no período anterior.
O governo credita os bons resultados às suas operações de repressão, que levou a uma queda dos alertas de desmatamento do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real, o DETER, produzido pelo INPE. Os alertas do DETER guiam as ações policiais, que, em 9 meses, produziram a emissão de 3.547 autos de infração com um valor total de R$ 1,5 bilhão em multas.
O Ibama trabalha com a meta de zerar o desmatamento em julho. “Houve um pico em agosto, que já está sob controle e vem sendo descontado mês a mês por conta das constantes ações de fiscalização”, afirma Luciano Evaristo de Menezes, diretor de Proteção Ambiental do Ibama.
“O método de combate ao desmatamento tem evoluído e se aperfeiçoado. Temos várias ferramentas e cada vez mais a inteligência vem se tornando fundamental no processo”, avaliou Volney Zanardi, presidente do Ibama.
Os números parecem confirmar a análise do Ibama. Em março, o DETER contabilizou 27,9 quilômetros quadrados de alerta de desmatamento (corte raso + degradação), uma diminuição de 53% em relação ao mesmo mês em 2012, quando foram desmatados 59,6 quilômetros quadrados.
A tendência de queda continuou em abril, quando foram desmatados (corte raso + degradação) 147 quilômetros quadrados na Amazônia. Em abril de 2012, a floresta perdeu 232,57 quilômetros quadrados. Uma queda de 37%.
No gráfico abaixo, pode-se ver o comparativo mês a mês do período agosto/12 a abril/13 contra o período agosto/11 a abril/12. Na comparação desses 9 meses, em 4 meses o desmatamento foi maior do que no mesmo período anterior.
Desde a última divulgação dos dados mensais do desmatamento, no final de março, as autoridades ambientais estão empenhadas em explicar que nem todo alerta de desmatamento significa corte raso.
Dos 2.268 polígonos detectados pelo DETER entre agosto de 2012 e o início de maio deste ano, 1.217 foram qualificados em campo, o que mostrou que 65% se referiam a desmatamento total, leia-se corte raso. O restante era degradação, como queimadas.
Os dados mensais do DETER não fazem distinção entre corte raso (derrubada de floresta) e degradação florestal (estágio anterior ao desmatamento total, com derrubadas de algumas árvores ou queimadas). Os dois dados são somados em uma única categoria, chamada “desmatamento”.
Fim da temporada de chuvas
Abril é o último mês do período chuvoso na Amazônia Legal. No período de chuvas, que vai de novembro a abril, as nuvens atrapalham a visualização de parte significativa do território. Em março, mais da metade (56%) da área da Amazônia Legal estava coberta de nuvens, prejudicando a detecção por satélite. Em abril, a cobertura de nuvens caiu para menos da metade (42%) da região.
Com o fim do período chuvoso, a tendência é melhor visualização e, por consequência, monitoramento. Abaixo a tabela de cobertura por estado. Ela mostra que a cobertura de nuvens em estados campeões de desmatamento, como o Mato Grosso e Pará, foi acima de 50%.
Mesmo com o monitoramento prejudicado pelas nuvens, Mato Grosso representou, em março cerca de 80% do total desmatado (22 km2 do total de 28 km2). Em abril, também liderou com 42% do total desmatado (61,5 km² do total de 147 km²).
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