Colunas

Salvos pelo sol?

Milhões de dólares são investidos na busca da tecnologia ideal para o uso da energia solar. A geração termo-solar é uma idéia simples e que pode se tornar uma boa alternativa.

30 de outubro de 2007 · 17 anos atrás
  • Eduardo Pegurier

    Mestre em Economia, é professor da PUC-Rio e conselheiro de ((o))eco. Faz fé que podemos ser prósperos, justos e proteger a biodiversidade.

Que tal usar espelhos para, através da captação solar, aquecer água que, por sua vez, passa a mover potentes turbinas geradoras de eletricidade? Essa é uma das tecnologias que está na mesa para transformar a energia solar na vedete das alternativas sustentáveis. Será irônico se o mesmo sol que é co-autor do efeito estufa também venha a ser o salvador dos altos padrões de consumo. O fato é que a técnica está progredindo rápido e, talvez, em pouco tempo possa competir em capacidade de geração e custo com fontes sujas de energia elétrica. Entre elas, as infames termoelétricas movidas a carvão.

Os fundadores da Google, Sergey Brin e Larry Page, investiram recentemente na Nanosolar, empresa especializada em produzir painéis fotovoltaicos super finos. Embora não sejam capazes de produzir eletricidade com a mesma eficácia de painéis tradicionais, podem ser impressos em paredes e telhados, cobrindo mais área de uma maneira mais estética, e abrindo um futuro em que toda superfície de tamanho razoável possa embutir uma pequena geradora de eletricidade (quem sabe o seu terno não venha a ser capaz de manter o seu celular ou iPod funcionando?). No momento, a Google está no processo de cobrir os prédios da sua sede em Mountain View com painéis fotovoltaicos (veja o vídeo). A energia produzida será equivalente ao consumo de mil casas padrão californiano, mesmo assim, produzindo apenas 30% da energia necessária para manter a estrutura da empresa funcionando.

Durante muito tempo, os painéis fotovoltaicos eram capazes de transformar em energia elétrica no máximo 15% da luz que recebiam. Em 2006, a Sun Power, uma empresa do Vale do Silício, conseguiu aumentar essa taxa em 50%, equivalente a uma eficiência de 22%. Antes que o impacto da notícia se dissipasse, dois meses depois, uma subsidiária da Boeing, a SpectroLab, deu outro salto gigante, atingindo uma taxa de transformação de 40.7%. O nirvana da energia solar ficou mais perto. Nesse nível, o custo de do quilowatt/hora cai para 10 centavos de dólar, próximo ao de uma termoelétrica a carvão.

Mas resta um duro obstáculo. Essas melhorias não resolvem um problema comum às energias solar e eólica. Como não existe forma viável de acumular a produção, nublou ou acabou o vento, pára a geração de energia.

A grande vantagem do sistema é que o calor pode ser armazenado por cerca de 20 horas. Mesmo à noite ou com tempo nublado é possível manter a produção de energia. O’Donnell conseguiu atrair investidores de bolsos cheios e muito prestígio, como Vinod Khosla, co-fundador da Sun Microsystems. Juntos, e com capital inicial de 47 milhões de dólares criaram a Ausra, que já tem uma instalação piloto funcionando. A grande dúvida é se serão capazes de produzir o quilowatt/hora ao custo de 10 centavos de dólar. Eles acham que sim. Se chegarem lá, a tecnologia poderá vir a suprir boa parte da energia mundial. Serão necessárias muitos quilômetros de espelhos. Mas não faltam áreas desertas e ensolaradas nos EUA, Austrália, China, Brasil e vários pontos da África.

Leia também

Notícias
20 de dezembro de 2024

COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas

Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial

Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia

Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.