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Estudo defende mais geração nuclear

Agência Internacional de Energia publica relatório afirmando que energia nuclear é “fator-chave” para combate às mudanças climáticas. Greenpeace contesta.

Redação ((o))eco ·
16 de junho de 2010 · 14 anos atrás

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) divulgou nesta quarta  (16) um relatório no qual afirma que “a expansão da energia nuclear é um fator chave para combater as alterações climáticas”. Segundo o documento, chamado Nuclear Energy Technology Roadmap, elaborado em conjunto com a Agência de Energia Nuclear da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), até 2050, cerca de um quarto da eletricidade mundial poderia ser gerada através da energia nuclear. Atualmente, esse porcentual não passa dos 14% da eletricidade global.

Para que chegue a esse patamar, a capacidade de geração nuclear deverá mais do que triplicar nos próximos anos. O “mapa do caminho” da IEA defende que a energia nuclear é uma tecnologia madura e de baixo teor de carbono e que já está pronta para ser ampliada nas próximas décadas. “O último protótipo de reator, agora em construção em todo o mundo, foi projetado a partir de mais de 50 anos de desenvolvimento tecnológico”, diz nota da Agência sobre o estudo.

O trabalho também estabelece um plano de ação com os passos que governos e indústrias devem seguir para conseguir maior aceitação do público a este tipo de geração. Entre eles está a criação de planos para eliminação dos resíduos de alto nível radioativo e um sistema internacional de salvaguarda para evitar a proliferação da tecnologia nuclear para outros fins que não a geração de energia.

Para André Amaral, coordenador da campanha nuclear do Greenpeace, será muito difícil que a indústria nuclear consiga essa expansão, por inúmeros fatores, entre eles o custo e tempo de implantação. Atualmente, o custo de uma usina de 1 giga no Brasil é de R$ 12 bilhões, bem mais alto que o de usinas eólicas, por exemplo. Além disso, para sua implantação são necessários, em média, 10 anos, contra dois da usina movida a vento. “Se consideramos que o prazo estabelecido internacionalmente para redução das emissão de CO2 é 2020, o investimento em usinas nucleares seria inócuo, já que não daria nem tempo de ela entrar em funcionamento”, diz.

Além disso, Amaral questiona a real eficácia da energia nuclear como energia “limpa”. Estudos comprovam que, para reduzir apenas 5% das emissões com energia nuclear, seria necessário que a cada 15 dias um novo reator entrasse em funcionamento no mundo. Hoje, a geração nuclear emite de 150 a 400 gramas de CO2 por kW/hora, contra 20 g de CO2, em média, da energia eólica. “O estudo foi feito apenas para “embasar o lobby da indústria nuclear. Defendemos que somente as energias renováveis dão conta do recado”, diz.

O Nuclear Energy Technology Roadmap faz parte de uma série que está sendo elaborada pela IEA, em cooperação com outras organizações e indústrias, para promover o desenvolvimento e a absorção de tecnologias-chave de baixo carbono para alcançar a meta de uma redução de 50% nas emissões de CO2 até 2050. A série foi encomendada por chefes de estado do G8, durante encontro no Japão em 2008. (Cristiane Prizibisczki)

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