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Mapa indica áreas prioritárias para a conservação

Estudo publicado na revista Science calculou quais áreas podem conservar maior número de espécies endêmicas, caso sejam protegidas.

Vandré Fonseca ·
17 de setembro de 2013 · 11 anos atrás

O mapa produzido pelos pesquisadores: as cores indicam a contribuição das regiões para o total de plantas endêmicas no mundo, ou seja, aquelas que não são encontradas em nenhum outro lugar. A Colômbia combinada com áreas em cores vermelhas, como o Equador, Panamá e Costa Rica, têm mais de sete espécies de plantas endêmicas a cada mil quilômetros quadrados. Crédito: cortesia L. Joppa, P. Visconti, C.N. Jenkins, S.L. Pimm
O mapa produzido pelos pesquisadores: as cores indicam a contribuição das regiões para o total de plantas endêmicas no mundo, ou seja, aquelas que não são encontradas em nenhum outro lugar. A Colômbia combinada com áreas em cores vermelhas, como o Equador, Panamá e Costa Rica, têm mais de sete espécies de plantas endêmicas a cada mil quilômetros quadrados. Crédito: cortesia L. Joppa, P. Visconti, C.N. Jenkins, S.L. Pimm

Manaus, AM – Com auxílio de uma complexa fórmula matemática, uma equipe de pesquisadores americanos e britânicos concluiu ser possível atingir ao mesmo tempo duas das mais importantes metas da Convenção da Diversidade Biológica: proteger 17% dos ambientes terrestres e preservar pelo menos 60% das espécies do planeta até 2020. O resultado do estudo foi publicado na revista científica Science do início deste mês, por pesquisadores das Universidades Duke e Estadual da Carolina do Norte, ambas americanas, e do Instituto Microsoft Research, localizado na Inglaterra.

Eles utilizaram o banco de dados do Jardim Botânico Real de Kew, Inglaterra, onde estão catalogadas quase 110 mil espécies. Para analisar as informações, pesquisadores do Instituto Microsoft Research, que fica em Cambridge, na Inglaterra, criaram um algoritmo especial. A partir das informações, foi elaborado um mapa global que indica a densidade de endemismo nas diversas regiões do planeta.

De acordo com a explicação dos pesquisadores, as espécies de plantas não estão distribuídas de forma equitativa pelas diversas regiões do planeta. Certas áreas, como a América Central, o Caribe, o Norte dos Andes e regiões da África e Ásia têm maior concentração de espécies que não são encontradas em outro lugar. “Espécies endêmicas de áreas geográficas restritas estão sob um risco muito maior de serem ameaçadas ou estarem em perigo do que aquelas encontradas em grandes áreas”, explica Lucas N Joppa, cientista de Conservação do Laboratório de Ciências da Computação do Instituto Microsoft em Cambridge, Reino Unido, um dos autores do estudo.

No Brasil, as regiões Sul e Sudeste foram classificadas como as de maior densidade endêmica. Mas a Amazônia ficou de fora dessas áreas de maior densidade de endemismo. Segundo a explicação dos pesquisadores, o algoritmo priorizou áreas que mesmo pequenas tinham espécies exclusivas. Não é o caso da Amazônia Central, que possui grande número de espécies distribuídas em grandes áreas de ocorrência, conforme os autores do estudo. “Nós combinamos regiões para maximizar o número de espécies em uma área mínima. Com essas informações, nós pudemos avaliar com mais precisão a importância relativa de cada região para a conservação e avaliar, conforme esses dados, as prioridades internacionais”, afirma Joppa.

“Nós também mapeamos onde está o maior número de pássaro, mamíferos e anfíbios de ocorrência em áreas restritas e descobrimos que eles estão praticamente nos mesmos lugares que nós mostramos serem prioritários para as plantas”, afirma Clinton N Jenkins, da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, e um dos líderes da organização sem fins lucrativos Saving Species, que trabalha com comunidades locais e agências internacionais para comprar e proteger terras ameaças que são importantes para a biodiversidade. “Preservando esses lugares para plantas nós vamos beneficiar também os animais”.

“A fração de terra a ser protegida em regiões de alta prioridade aumenta a cada ano com o estabelecimento de novos parques nacionais e à maior autonomia dada às populações indígenas, que permite a eles manejarem suas terras tradicionais”, afirma Stuart L Pimm, da Universidade Duke, dos Estados Unidos, e também na Saving Species. “Nós estamos chegando tentadoramente perto de alcançar as metas globais da Convenção Biológica da Diversidade. Mas os passos que restam são os mais os mais difíceis.”, completa.

 

 

Saiba Mais
“Achieving the Convention on Biological Diversity’s Goals for Plant Conservation,” Lucas Joppa, Piero Visconti, Clinton N. Jenkins, Stuart L. Pimm. Science, Sept. 5, 2013

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