O aumento de eventos climáticos intensos decorrentes das mudanças no clima traz riscos ao estado do Rio de Janeiro, que por suas características geoambientais já convive com tragédias sazonais. Todo verão, contam-se os mortos. Com chuvas mais intensas, as tragédias também serão piores, se o Poder Público não investir em planejamento urbano. É o que aponta o estudo Mapa de vulnerabilidade da população dos municípios do Estado do Rio de Janeiro frente às mudanças climáticas, desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) e a Fiocruz Minas.
O estudo foi feito pela primeira vez em 2011 e projeta seus dados para daqui a 30 anos. O mapa foi estabelecido a partir do Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM) às mudanças do clima. “Este índice é resultado da agregação do Índice de Cenários Climáticos (ICC/RJ) e do Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG), formados por componentes de saúde, ambiental e social, como, por exemplo, o número de doenças infecciosas influenciadas pelo clima, as características de cobertura vegetal e da fauna, além do acesso a trabalho, habitação e renda”, explica Martha Barata, coordenadora do estudo.
O Rio aparece como o município com a maior taxa de vulnerabilidade, seguido de Magé e Campos dos Goytacazes. Todos, com média acima de 0,50, que é a média estadual para os três indicadores que compõem o IVG.
Angra, Paraty, Petrópolis e Teresópolis são cidades com elevada vulnerabilidade ambiental.
Para a especialista, a importância do estudo se mete pela capacidade de orientar políticas públicas: “Esse estudo é um indicativo de onde se deve ter mais atenção, em termo de vulnerabilidade e mudança no clima. São os quesitos de onde se deve ter mais atenção e quais são os municípios mais vulneráveis”, explicou Martha Barata.
Um município pode ter uma baixa vulnerabilidade social, como o Rio de Janeiro, por exemplo, mas como são elevados os seus índices de vulnerabilidade da saúde e do ambiente, quando comparado com outros municípios do estado, o índice de vulnerabilidade municipal, que agrega esse três componentes (saúde, ambiental e social) joga o número para cima. Os índices são apresentados em uma escala que varia de zero (0) a um (1), quanto mais próximo do 1, maior é a vulnerabilidade deste município.
Mapas de Vulnerabilidade
Clique nos mapas para ampliar. |
*Fonte dados de clima:
Modelo regionalizado ETA-CPTEC do Centro de Ciências do Sistema Terrestre, do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (CCST/INPE).
Leia Também
Rio vulnerável à mudança do clima
Problema global, impactos locais
Guia da ONU mostra como construir cidades mais resilientes
Nova forma de confrontar problemas ambientais no Brasil?
Leia também
Eletrobras contraria plano energético e retoma projetos para erguer megausinas no Tapajós
Há oito anos, as usinas do Tapajós estão fora do Plano Decenal de Energia, devido à sua inviabilidade ambiental. Efeitos danosos são inquestionáveis, diz especialista →
Obra para desafogar trânsito em Belém na COP30 vai rasgar parque municipal
Com 44 hectares, o Parque Ecológico Gunnar Vingren será cortado ao meio para obras de mobilidade. Poderes estadual e municipal não entram em acordo sobre projeto →
Governo do RJ recebe documento com recomendações para enfrentamento ao lixo no mar
Redigido pela Rede Oceano Limpo, o documento foi entregue durante cerimônia no RJ. O plano contém diretrizes para prevenir, monitorar e conter o despejo de lixo nos oceanos. →