Manaus, AM — É um indivíduo que está começando a vida adulta, com mais de dois anos e cerca de 60 centímetros de altura e mais de um metro de envergadura. Foi resgatado por moradores a Área de Proteção Ambiental Nhamundá, no Amazonas, perto da divisa com o Pará, com ferimentos na asa e um pedaço de chumbo alojado no peito.
A harpia (Harpia harpyja) foi encontrada na segunda semana de abril, por moradores da APA. Ela estava ferida e bastante debilitada. Após contato com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Sedema) de Nhamundá, um veterinário do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), passou a acompanhar o animal.
“Ele ficou duas semanas sem se alimentar e ninguém sabia manejá-lo. Então a gente entrou em contato com o Ipaam”, conta o secretário municipal de Meio Ambiente de Nhamundá, João Paulo Fonseca. “As feridas foram tratadas com andiroba, foi feita limpeza dos ferimentos. Os olhos estavam irritados, com pólvora, e foram tratados com colírio”, completa.
Foram aproximadamente três semanas em tratamento. Quando os responsáveis acharam que ele já estava recuperado, levaram a ave a um local montanhoso, na Apa Nhamundá, e o gavião-real foi solto.
A coordenadora do Projeto Gavião-Real, que monitora ninhos e aves em várias regiões do país, Tânia Sanaiotti, destaca que esta foi a segunda ave da espécie resgatada no país este ano. A primeira, vítima de um atropelamento no Espírito Santo, não sobreviveu. “Em anos anteriores, recebemos dois gaviões daquela região, um de Nhamundá e outro de Barreirinha, que soltamos”, conta.
Mas ela não esconde uma decepção: não pode acompanhar a ave e a soltura. “A gente marca e, depois de solta, o gavião é observado ainda por um três dias, para saber se conseguiu se alimentar”, explica. Mas o mais importante foi salvá-lo. “Temos de elogiar os comunitários e a Sedema pelo empenho em fazer o resgate e tomar as providências para que ele se recuperasse”, destaca a bióloga.
Video |
O gavião-real foi solto na APA Nhuamundá. Sem marcação, não vai ser possível monitorar os primeiros dias da ave no retorno à vida livre. |
Leia Também
Caçada e atropelada, não tem harpia que resista
Acontece nos parques: na árvore, havia harpia
Gaviões-reais são seguidos por satélite na Amazônia
Leia também
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/oeco-migration/images/stories/dez2013/1664_30_11_2011_OJ_DxO.jpg?resize=600%2C400&ssl=1)
Gaviões-reais são seguidos por satélite na Amazônia
Harpia volta para a natureza com equipamentos de rádio transmissão para ajudar pesquisadores a conhecer melhor os hábitos da espécie. →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/oeco-migration/images/stories/mar2015/25032015-harpia-turvo.jpg?resize=600%2C400&ssl=1)
Acontece nos Parques: na árvore havia harpia
Registros inéditos e uma estrada no caminho das onças. São coisas que acontecem nos parques. →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2020/10/Oeco_Floresta-do-Camboata_Marcio-Isensee.jpg?resize=600%2C400&ssl=1)
Vence a floresta! Justiça reconhece Refúgio de Vida Silvestre da Floresta do Camboatá
Decisão judicial rejeita ação que apontava que criação da área protegida teria ocorrido de forma ilícita pelo município do Rio de Janeiro →