A devastação da Mata Atlântica está menor. De acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, estudo divulgado ontem (27) pela SOS Mata Atlântica e pelo INPE, em 2014 o desmatamento da Mata Atlântica diminuiu 24% em relação ao ano anterior.
Durante o período, foram desmatados 18.267 hectares – o equivalente a 18 mil campos de futebol. Este é considerado o segundo menor desmatamento da história desde que a região começou a ser monitorada, em 1985. O índice só perde para 2011, quando foram desmatados 14.090 hectares.
O estudo divulgado ontem analisa desmatamentos ocorridos em 17 estados no período de maio de 2013 a maio de 2014.
Melhorias
Entre 1985 e 1990, quando a região começou a ser monitorada, o desmatamento chegou a ser de 536 mil hectares. Nestes 25 anos de Atlas — cuja primeira edição foi lançada em 1990 –, a metodologia utilizada mudou: a análise, que antes era quinquenal, passou para um período bienal e, desde 2008, o Atlas é publicado anualmente.
Além do período analisado, em duas décadas e meia também houve mudança nos satélites utilizados: se antes só “enxergavam” desmatamento acima de 25 hectares, hoje detectam derrubadas acima de 3 hectares.
Campeões
O Piauí liderou o ranking do desmatamento: sozinho, o estado foi responsável por quase 30% do desmatamento no período. A razão é a expansão da fronteira agrícola para o cultivo de grãos.
O segundo lugar ficou com Minas Gerais, que durante 5 anos foi o campeão absoluto de derrubada da Mata Atlântica. O governo mineiro tem se esforçado há dois anos para diminuir o ritmo da devastação, e pelo jeito os resultados começam a aparecer: em 2014, o estado conseguiu reduzir em 34% o desmatamento se comparado ao período anterior.
Apesar de ainda estar entre os maiores desmatadores, Minas criou políticas públicas para diminuir sua participação na devastação da Mata Atlântica. A pedido da SOS Mata Atlântica e do Ministério Público do Estado, desde junho de 2013 o governo fez uma moratória nos pedidos de concessão de licença de autorização para a supressão de vegetação nativa. Assim, empresas que entraram com pedido para desmatar áreas tanto para criação de pastos ou para novas áreas de agricultura, tiveram seus pedidos negados. A moratória ainda está vigente.
“O desmatamento continua, mas nós estamos verificando essa redução e todo o esforço que vem sendo feito pelo governo do estado para diminuir esses números”, afirma Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.
Já a Bahia, terceira colocada no ranking, segue o exemplo de Piauí. Especificamente o oeste do estado, cujo município de Baianópolis foi o segundo que mais desmatou o bioma no país. A expansão agrícola deixou um rastro da destruição na vegetação de Mata Atlântica em plena área de transição entre este bioma, a Caatinga e o Cerrado.
“Isto exige uma maior atenção e vamos pedir para os governos dos estados para que eles autorizem também uma moratória e não permitam mais uma concessão de licença para desmatamento até que esse número seja reduzido”, afirma Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.
Piauí, Minas Gerais e Bahia respondem, juntos, por 86% do desmatamento ocorrido em 2014.
Saiba Mais
Relatório técnico – Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica
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