Notícias

Mapa indica que Amazônia vive uma epidemia de garimpo ilegal

Trabalho inédito elaborado pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg) mostra a distribuição dessa atividade e os seus impactos socioambientais

Sabrina Rodrigues ·
13 de dezembro de 2018 · 6 anos atrás
Garimpo ilegal no Parque Nacional do Jamanxim, no Pará. Foto: Felipe Werneck/Ibama.

A mineração ilegal tomou uma proporção epidêmica na Amazônia. É o que aponta um mapa elaborado pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg) e lançado na segunda-feira (10). O mapa mostra a distribuição da atividade e seus impactos socioambientais na região.

O estudo identificou 2.312 pontos e 245 áreas de garimpo ou extração de minerais, como ouro, diamantes e coltan. Além disso, foram mapeados 30 rios afetados pela atividade ou por rotas para a entrada de máquinas, insumos e pela saída de minerais. Cada ponto traz informações sobre o mineral extraído, o método de exploração, a data e a presença de insumos contaminantes, especialmente o mercúrio. É a primeira vez que uma base única reúne informações de seis países amazônicos sobre o garimpo ilegal.

A plataforma aponta quais terras indígenas são mais afetadas pela atividade na Amazônia em países como a Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Em relação à Guiana, Guiana Francesa e Suriname, não foi possível encontrar dados consistentes sobre o tema, embora os garimpos ilegais ocorram nesses locais.

Segundo os dados da Raisg, entre 6.207 territórios indígenas, 78 apresentam atividades garimpeiras em seu limite ou no entorno. Desses 78, a maioria (64) estão localizadas no Peru. Com relação às terras indígenas com garimpo ilegal dentro de seus limites, o Brasil possui 18 casos entre os 37 identificados.

“A incidência de garimpo ilegal na Amazônia, especialmente em territórios indígenas e áreas naturais protegidas, tem crescido exponencialmente nos últimos anos com o aumento do preço do ouro. No entanto, é uma das pressões menos pesquisada, em relação ao desmatamento para expansão da pecuária, por exemplo,  devido também aos riscos associados ao seu mapeamento. Por isso, a Raisg decidiu incluí-la como uma das questões que necessitam de monitoramento contínuo, especialmente por seus impactos sociais e ambientais “, diz o coordenador geral da Rede, Beto Ricardo, do Instituto Socioambiental (ISA).

O mapa foi produzido por uma rede de grupos ambientais não-governamentais em seis países amazônicos – FAN na Bolívia, Gaia na Colômbia, IBC no Peru, Ecociência no Equador, Provita e Wataniba na Venezuela, e Imazon e o Instituto Socioambiental no Brasil.

Ainda sobre o tema, a Raisg, em parceria com a Infoamazonia, disponibiliza um storymap com mapas ilustrativos, vídeos, fotos, infográficos e entrevistas detalhando casos, e trazendo outras fontes de informação complementar.

Saiba Mais

https://especial1.herokuapp.com/story

 

Leia Também

O desmatamento na Pan-Amazônia

Em 10 anos, mineração causou 9% de desmatamento na Amazônia

Veja cinco mapas que mostram como a mineração impacta o meio ambiente

 

  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

Leia também

Notícias
22 de janeiro de 2018

Veja cinco mapas que mostram como a mineração impacta o meio ambiente

InfoAmazonia investigou como se dá a exploração mineral na Amazônia venezuelana e encontrou desmatamento e poluição de água por mercúrio

Salada Verde
18 de outubro de 2017

Em 10 anos, mineração causou 9% de desmatamento na Amazônia

Pesquisa publicada nesta quarta-feira (18) mapeia os impactos que a atividade causou na Amazônia brasileira entre os anos de 2005 e 2015

Reportagens
3 de abril de 2009

O desmatamento na Pan-Amazônia

Em até dois anos, ritmo de desmatamento deve ser conhecido em todos os países da América do Sul que dividem a Amazônia. Primeira capacitação acontece em maio, em Belém.

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.