Análises

O tamanho do problema

Joice SantosChefeAssessoria de Comunicação SocialMuseu Paraense Emílio GoeldiPrezado Editor,Em nome do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e do pesquisador Dario Amaral, solicito corrigir informações da reportagem "O tamanho do problema", de autoria do jornalista Lorenzo Aldé.O botânico Dario Amaral foi convidado pela Biodiversitas para assumir a coordenação especial para a região amazônica no processo de Revisão da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção em reconhecimento ao trabalho desenvolvido na formulação da primeira Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do Estado do Pará, um resultado do projeto Biota Pará. A Lista do Pará formulada pelo MPEG em parceria com a Conservação Internacional inova ao incluir informações como área / extensão de ocorrência no Pará, abundância, plasticidade ecológica e ameaças enfrentadas por cada espécie listada.O jonalista autor da reportagem "O tamanho do problema", também chefe de redação deste site, estruturou seu texto tendo por base um engano - considerou a listagem da flora ameaçada de extinção da Mata Atlântica como a relação válida para todo o Brasil, procurando verificar nesta lista a presença ou ausência de conhecidas espécies amazônicas.Além disso, o prezado jornalista reforçou seu ponto de vista ignorando a praxe que orienta a comunidade científica - quem elabora e avaliza lista de espécies são os cientistas que lidam com questões de biodiversidade como taxonomistas e sistematas (especialistas em classificação, distribuição e propagação das espécies). E neste sentido, as principais autoridades foram consultadas para a formulação da lista da Amazônia. O crescimento da lista de espécies ameaçadas demonstra que o conhecimento científico sobre a flora brasileira está se expandindo, a despeito da existência de muitas lacunas a serem preenchidas e da necessidade de investimentos para tanto em pesquisas básicas. O estabelecimento do elenco de exigências para inclusão ou não das espécies nas listas vermelhas, a definição de distintas categorias de ameaças e a ampliação da rede de colaboradores e de consultores indicam também que o processo de formulação das listas se tornou mais rigoroso, articulado e envolvente.Durante processo de construção das listas da flora e de acordo com as suas características principais, as diversas organizações científicas contribuiram com sua produção bibliográfica ou com a consulta direta a seus especialistas. Uma das principais organizações científicas não governamentais que atuam na Amazônia, o Imazon, por exemplo, colaborou e muito com seus estudos ecológicos sobre as espécies exploradas pela indústria madereira, relacionados na compilação bibliográfica - primeiro estágio no processo de formulação das listas.A reportagem também incorre no erro de conferir ao pesquisador Dario Amaral declarações sobre o mogno que ele não fez, como a não inclusão do Mogno na lista de espécies ameaçada. "Em hipótese alguma informei isto, pelo contrário foi a primeira espécie que ele perguntou e informei que sim, evidentemente esta espécie mantinha-se na lista (aliás, única espécie amazônica que consta no apêndice 2 do CITES)", assegura Dario Amaral. Complementando que "a única alusão que fiz a alguma espécie que estaria fora da lista foi quanto a Virola surinamensis, por entendimento dos especialista (o mesmo que participou da listagem de 1992). Informei que tanto a Castanheira quanto o Mogno se mantinha na lista. O jornalista ponderou sobre o Ipê roxo, pois tinha informação do IMAZON sobre a ameaça relativa a esta espécie, muito explorada. Foi quando comentei que para uma espécie ser considerada em ameaça de extinção (segundo as normas internacionais da IUCN, que orientou os trabalhos da Biodiversitas) ela deveria atender a critérios bem definidos, e a exploração comercial era apenas um dos critérios. Informei que esta espécie constava na lista inicial porém, por entendimento dos especialistas (inclusive sistematas da própria família botânica) ela foi retirada. A orientação que permeou os trabalhos dos especialistas foi a de que entariam na listagem as espécies que atendessem aos critérios do IUCN, com base no conhecimento pleno de ameaças à espécie", explica Amaral.Para finalizar, asseguramos que o Museu Goeldi deseja que o site O Eco consiga atingir plenamente seus propósitos editoriais no sentido de promover o debate público sobre a conservação da natureza via jornalismo, procurando fazer, utilizando as próprias palavras do site, "denúncias, sempre que elas lhe parecerem relevantes, mas prefere publicar boas histórias. Fala de problemas, mas gosta mesmo é de soluções".Uma das boas histórias e soluções no mundo amazônico é mostrar como as intituições científicas sediadas na região estão aprendendo a superar desafios e dificuldades comuns, construindo amplas redes para ação e troca de experiências e dados.Atenciosamente,Resposta:Agradeço as ponderações e me solidarizo com o Museu Paraense Emílio Goeldi no desejo de ver aprimorados os estudos e pesquisas sobre as espécies amazônicas. Convém porém deixar claro que não houve engano na estruturação da reportagem. Segundo os próprios coordenadores da pesquisa, a lista divulgada pela Biodiversitas refere-se a todo o Brasil, e não apenas à Mata Atlântica. O mogno e a castanheira não constam da listagem das espécies "em perigo" e "criticamente em perigo", ou seja, as mais ameaçadas.

Redação ((o))eco ·
22 de dezembro de 2005 · 18 anos atrás

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