De Roberto Berlinck
Suzana,
Embora seu texto ressalte praticamente todas as ações positivas da ex-ministra Marina Silva frente à seu ministério, não abordou o problema da criação da CGEN e da regulamentação do acesso ao patrimônio genético. Como professor e pesquisador da USP há 15 anos, minha pesquisa se volta à descoberta de substâncias com potencial uso como medicamentos. Durante a gestão da ex-ministra, a obtenção de autorizações para a realização de pesquisas desta natureza foi EXTREMAMENTE dificultada.
Pesquisadores do Brasil inteiro trabalham como criminosos, pois não têm autorização para realizar pesquisas desta natureza, devido à burocracia e morosidade da avaliação das solicitações de autorização de acesso ao patrimônio genético. Minhas autorizações demoraram 6 anos para sair.
É aceitável?
É concebível que a ex-ministra e seu gabinete tenham imposto tantas restrições à pesquisa sobre biodiversidade no Brasil? Estas restrições foram inclusive comentadas na revista NATURE, altamente prestigiosa.
Infelizmente sua proposta de candidatura da ex-ministra à presidência é infeliz porque não avalia os defeitos e contras da gestão da ex-ministra, somente os prós. Ora, infelizmente a ministra faz parte de um grupo político que acredita que a Amazônia e a biodiversidade brasileira devem permanecer intocadas, o que é um verdadeiro absurdo.
A pesquisa sobre a biodiversidade brasileira deve, sim , ser regulamentada, mas não barrada e impedida. De forma alguma. Vários pesquisadores brasileiros foram PRESOS por transportarem material biológico para pesquisas, enquanto que (sabe-se muito bem) biopiratas entram e saem através das fronteiras sem qualquer problema.
Não é esse o caso de “missionários” estrangeiros que vêm ao Brasil catequisar índios (como se estivéssemos nos idos de 1600), e transportam amostras de plantas e animais além fronteiras?
A vigilância sobre pesquisadores brasileiros é ferrenha – não é a mesma sobre biopiratas estrangeiros.
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