De Ernesto Viveiros de Castro
Chefe do PARNA Serra dos Órgãos
Prezados Editores,
Lendo a salada verde de hoje, soube que O Eco visitou o nosso Parque Nacional da Serra dos Órgãos e pôde se maravilhar com a Travessia Petrópolis-Teresópolis.
Sobre as críticas e sugestões sobre acampamento e dejetos, são sempre bem-vindas para aprimorarmos a gestão, mas cabem alguns esclarecimentos:
- A visitação no PARNASO teve crescimento de 140% desde 2004 (46mil visitantes em 2004 e 113.000 em 2007). Foi o maior crescimento no país. O lado bom é que mais gente teve oportunidade de conhecer este patrimônio natural e (esperamos) se sensibilizar para a importância da preservação. O lado ruim é que as trilhas de montanha atingiram a capacidade de suporte em quase todos os finais de semana do inverno sem que haja um acréscimo significativo na infra-estrutura.
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Desde 2005, uma equipe do Parque (este chefe incluído) faz a travessia no início da temporada para recuperar a trilha e checar as condições, o que antes não acontecia. Se vocês fizeram a travessia no ano passado devem ter reparado agora algumas ações como a ampliação da escada alpina no “Elevador”, ação decidida na Câmara técnica de Turismo e Montanhismo do Conselho Consultivo e realizada pelo Parque com apoio da FEMERJ e Circuito Terê-Fri, que exigiu até apoio de helicóptero. Ações como essas são constantes.
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O novo plano de manejo (que está pronto desde 2007 e aguarda publicação) foi amplamente discutido com montanhistas e o setor de turismo e as ações de manutenção e regras na montanha são discutidas na Câmara Técnica (amanhã tem reunião).
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O PARNASO inova ao permitir a visita sem contratação obrigatória de guia, mas estimulando e capacitando os condutores locais para oferecer uma experiência completa, modelo defendido por André Ilha em entrevista a O Eco esta semana e usado como modelo para instrução normativa em elaboração pelo Instituto Chico Mendes.
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Para melhorar o apoio ao visitante e o controle da montanha, além de a questão do banheiro, está prevista no novo plano a construção de um abrigo de montanha no Açu.
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Sobre o camping entre o Açu e o Sino, é justamente o acampamento nestas áreas que aumenta a contaminação de rios e da própria trilha com dejetos humanos. Na discussão para o plano de manejo (com pesquisadores e montanhistas) chegou-se a conclusão de que seria melhor concentrar o acampamento nas áreas em que existe estrutura. O camping selvagem (especialmente no Campo das Antas) coloca em risco algumas das dezenas de espécies endêmicas do campo de altitude e contaminam nascentes como a do rio Soberbo.
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Os recursos para construção do abrigo do Açu e uma série de outras ações de estruturação para a visitação no PARNASO e em outros parques estão previstos em uma emenda parlamentar da Comissão de Meio Ambiente, que aguarda liberação no Ministério do Meio Ambiente (alô Minc, oportunidade para começar com o pé direito na gestão dos Parques). Outras ações, como a construção dos centros de visitantes de Teresópolis (já em andamento) e Petrópolis estão garantidas com recursos de compensação ambiental.
Aproveito para convidar O Eco a conhecer outras ações do PARNASO, como a gestão da pesquisa – que já resultou em publicação de livro, projetos em áreas remotas e na posição de UC com mais pesquisas no Brasil por 3 anos seguidos.
Um abraço,
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