Se houve um saldo positivo do Segundo Fórum Mundial de Sustentabilidade, realizado entre os dias 24 e 26 de março em Manaus, alguém deve estar contando ele agora. Afinal, setecentos empresários, que representam boa parte do Produto Interno Bruto do país, pagaram 18 mil reais, para acompanhar as palestras. E na programação, bastante restrita em quantidade de especialistas, contou pelo menos com grandes estrelas: o ex-presidente americano Bill Clinton, o ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger e o cineasta James Cameron, agora um ativista em luta contra a hidrelétrica de Belo Monte.
James Cameron trouxe mais uma vez o discurso contra Belo Monte, uma voz que infelizmente tem tido menos audiência em Brasília do que os filmes do diretor. |
Schwarzenegger foi bem político ao afirmar na apresentação que não queria ensinar sustentabilidade ao Brasil e disse que era preciso um apelo “mais sexy” para a sustentabilidade. Talvez tenha faltado mesmo um símbolo feminino ao Fórum Mundial, que estivesse à altura de contracenar com o exterminador do futuro.
Acabou sobrando este papel para James Cameron, que tem uma desculpa sempre pronta quando recebe perguntas sobre o que os americanos estão fazendo em favor da Amazônia e sua preservação: “Sou canadense”.
Cameron já esteve em Manaus e na Amazônia anteriormente. Há uma intenção, pelo menos nos jornais de Manaus, de que Avatar II tenha cenas rodadas por aqui e seja inspirada na luta dos índios da região. Trouxe mais uma vez o discurso contra Belo Monte, uma voz que infelizmente tem tido menos audiência em Brasília do que os filmes do diretor.
Esteve aqui também o marido da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. Enquanto ela sustentava a necessidade e articulava ataques à Líbia, ele estava aqui defendendo que o Brasil invista em energias alternativas e com menor impacto no Meio Ambiente. Talvez ele não tenha conversado com o patrão da esposa, o presidente Barak Obama, que demonstrou bastante interesse no petróleo guardado no pré-sal da costa brasileira durante sua visita na semana passada. Vai ver Hillary e Bill não falam de trabalho em casa.
Mas este sotaque norte-americano falando sobre Amazônia e Sustentabilidade soou meio desafinado para políticos do Amazonas. O governador Omar Aziz (PMN) e o ex-governador Eduardo Braga (PMDB) demonstraram desconforto com a possibilidade de ouvir lições sobre sustentabilidade de estrangeiro.
Mas como sempre há esperança, quem sabe empresários com dinheiro suficiente para estar em uma das mesas do Fórum sejam também sensíveis quanto às demandas ambientais brasileiras e da Amazônia. Dar ouvidos a James Cameron e repensar investimentos que causem grandes impactos, como Belo Monte, poderia ser um começo.
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