Análises

O Futebol mais limpo da Copa é do Fluminense

Em 08 de junho ocorreu o primeiro jogo da Copa do Mundo, entre as equipes da Itália e do Fluminense Football Club. Foi um jogo sustentável.

Pedro da Cunha e Menezes ·
24 de junho de 2014 · 10 anos atrás
As matas ao redor da sede social das Laranjeiras somam 1,6 hectare. Foto: Pedro Menezes.

Copa do Mundo, futebol, bola no pé, torcidas entusiasmadas, hotéis cheios. Há espaço para falar de meio ambiente em um clima desses? Por incrível que pareça, a resposta é sim. No domingo, dia 8 de junho, realizou-se o primeiro jogo da Copa do Mundo, reunindo as equipes da Itália e do Fluminense Football Club.

Como, inexplicavelmente, o Estádio do Engenhão encontrava-se em obras de reparo, apesar de construído há menos de dez anos para os Jogos Pan Americanos de 2007, a partida teve lugar em Volta Redonda, a cerca de 120 km de distância do Rio de Janeiro.  As delegações dirigiram-se para lá de ônibus. As emissões do coletivo que levou os atletas do Fluminense, contudo, não contribuíram para o aumento da concentração de carbono na atmosfera.

Pouca gente sabe, mas o Tricolor das Laranjeiras, cuja sede é cercada de Mata Atlântica, tem desde 2011 uma Diretoria de Desenvolvimento Sustentável. Seu titular, Luiz Carlos Rodrigues, não joga para perder. Na melhor tradição do Clube que já foi pioneiro em tantas outras áreas, Rodrigues quer transformar a agremiação em uma entidade sustentável.

Sua principal ferramenta para marcar esse golaço é o programa “Fluminense Joga Limpo”, que inclui a implementação da separação do lixo nas dependências de Laranjeiras e Xerém. A coleta seletiva foi implantada pela ONG Ecomarapendi e está funcionando desde abril. Com ela, o Fluminense atende os requisitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos e reduz a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa.

A bela mata que rodeia a sede das laranjeiras virará RPPN. Foto: Pedro Menezes.

Outra linha do “Fluminense Joga Limpo” é a melhoria da eficiência energética. Para alcançar esse objetivo, o Fluminense pediu à GTZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit) que elaborasse um estudo e apontasse os caminhos a serem seguidos pelo Clube. Após receber o resultado do trabalho da GTZ, o Flu começou a adotar fontes renováveis de energia e a usar matrizes mais eficientes nas suas duas sedes. Entre as medidas que demonstraram eficácia estão a troca dos transformadores, a modernização da rede elétrica e a substituição dos aquecedores, inclusive os das piscinas.

Juntamente às medidas práticas, o Tricolor não está descuidando de políticas de formação. Todos os jovens que treinam nas divisões de base a partir de agora terão que frequentar aulas de educação ambiental, em que aprenderão conceitos de sustentabilidade.

Todas as emissões do elenco profissional e das cinco divisões de base do futebol, calculadas para o ano de 2012, quando somadas, chegam a um patamar anual de 2.580 toneladas de CO2. As medidas citadas acima, somadas aos 12,2 hectares de mata (1,6 ha na sede social das Laranjeiras) existente nas propriedades do clube , serão suficientes para neutralizar emissões equivalentes a 3.800 toneladas de CO2. O trabalho de inventário foi realizado pelo Instituto E! e o Ministério de Meio Ambiente da Itália, certificado pelo Ibope Ambiental.

A mata da sede das Laranjeiras ficará perpetuada como reserva privada: o Fluminense já está dando entrada junto ao INEA/RJ no processo para transformá-la em RPPN (Reserva Privada do Patrimônio Natural).

A partir de 2015, entretanto, para manter a meta de neutralização total das emissões do departamento de futebol, será necessário que o Clube plante por ano 8 novos hectares de mata. O desafio agora é encontrar parceiros que ajudem a viabilizar essa meta de reflorestamento.

 

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