Notícias

Carta – Corda bamba

De Verônica Tamaoki Oi, Silvia. Que bom que alguém queira investigar mais sobre tema tão complexo e polêmico. O circo agradece. Estou enviando...

Redação ((o))eco ·
10 de novembro de 2005 · 19 anos atrás

De Verônica Tamaoki

Oi, Silvia.

Que bom que alguém queira investigar mais sobre tema tão complexo e polêmico. O circo agradece. Estou enviando cópia desta mensagem para o Márcio Stancowich. Seguem alguns textos e reflexões.

Boa sorte, um grande abraço,

1. No livro Imaginação Mítica – A busca de significado através da mitologia pessoal – de Stephen Larsen – editora Campus, Série Soma, coordenação de Paulo Coelho, tem um capítulo interessantíssimo chamado O Circo Xamanístico. Transcrevo alguns parágrafos:
“Os circos funcionam tradicionalmente em tendas – não muito diferentes de uma enorme tenda circular coberta de peles, ou “yurt” da Sibéria, com seu grande mastro central, que simboliza o eixo do mundo – e dentro de um anel ou círculo mágico que simboliza o espaço sagrado. E por toda parte vemos nos circos fragmentos da mais antiga religião do mundo, ainda sendo celebrados: sacramentos do corpo capaz de comportar-se como um espírito. Quando o homem salta no ar desafiando a gravidade, ou joga com objetos que parecem voar magicamente, ou dança numa corda, o plano horizontal que define seus movimentos comuns é quebrado pelo verticial. Dentro desse circulo mágico, todas as direções são iguais: para cima, para baixo, para os lados. As identidades se modificam, como nos sonhos, com o vestir e despir de roupas: não podemos dizer quem é o acrobata, quem é o palhaço. E a antiga relação xamânica entre animal e humano é evidente nesse mundo intemporal. Os elefantes dançam, os ursos brincam, os tigres obedecem.
(..) Os seguintes elementos comuns entre o circo e o xamanismo podem ser identificados: acrobacia, subida de mastro ou corda, façanhas de equilibrio (o mestre do equilibrio, tema ilustrado não só pela corda bamba, mas também pela figura de Dom Genaro, de Catañeda, dançando à beira da cascata), pela simulação de vôo, pelas roupas de todos os tipos, pela comunicação animal-humana, pela ventriloquia, pelos aparecimentos e desaparecimentos mágicos, pelo desmembramento ou esquartejamento (ou seja, ser serrado ao meio); pela sobrevivencia numa prova que ameaça a vida (ser disparado de uma canhã0), por palhaços, títeres, máscaras, pelas aptidões quando vendado (visão mágica), por seres andróginos (a mulher barbado ou o palhaço branco afeminado) e seres anômalos de todos os tipos (tratados frequentemente como seres mágicos nas sociedades tradicionais). As crianças não precisam de lições para compreneder o circo porque a referência circense jaz no fundo de seus ossos também, a necessidade de participar de um mundo semilembrado de magia e espanto.”

2. Jorge Mautner compôs uma música (não lembro o título) que foi gravada por Marilia Pera e Lulu Santos, entre outros, que também lança uma luz sobre o tema:
“O homem antigamente falava com a cobra, o jabuti e o leão. Olha o macaco na selva! Mas não é o macaco não, é o meu irmão. Porém, durou pouquíssimo tempo essa incrível curtição, pois o homem, rei do planeta, logo fez sua careta e começou a sua civilização. Agora, não dá mais certo, ninguém nunca volta jamais. O jeito é tomar um foguete, é comer desse banquete pra recuperar a paz, aquela paz, que a gente tinha quando falava com os animais.”

3. Muitos animais de circo, assim como no rodeio, são muito bem tratados, até mais que os homens . Exemplo disso são os macacos do extinto Circo Garcia. Um dos motivos do fim do Garcia que as ONGS (especialmente uma da america do norte) convenceu uma rede de supermercados a não ceder mais seus estacionamentos para os circos (com animais). Veja só o paradoxo, dona Carola, diretora e proprietária do Garcia trata seus macacos com tanto carinho, que seus artistas e funcionários costumavam dizer: na próxima, quero nascer macaco da Carola.

Leia também

Notícias
22 de maio de 2024

Desmatamento na Mata Atlântica caiu 27% em 2023, mas encraves em outros biomas preocupam

Segundo dados da SOS Mata Atlântica, desmatamento em florestas maduras foi de 14.697 hectares; derrubadas em encraves no Cerrado e na Caatinga superou 69 mil hectares

Salada Verde
22 de maio de 2024

No dia da Biodiversidade, ICMBio cria quatro unidades de conservação privadas

RPPNs estão inseridas em três diferentes biomas, em área somada de cerca de 500 hectares. RPPNs de todo Brasil protegem cerca de 800 mil hectares

Análises
22 de maio de 2024

Código Florestal como peça fundamental para enfrentamento da crise climática

A recuperação dos passivos de vegetação nativa nos imóveis rurais brasileiros não impedirá futuras tragédias climáticas, mas além de contribuir para mitigá-las, certamente reduzirá seus impactos

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.