Notícias

Desdobramentos do crime ambiental no MT

Apenas 1% das multas aplicadas no Mato Grosso por crimes ambientais entre 2005 e 2006 foram pagas. Essa é a conclusão de um estudo divulgado hoje (20) pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) sobre a eficiência dos processos abertos pelo Ibama e pelo órgão ambiental do Mato Grosso (Sema) após a Operação Curupira, realizada em 2005. A operação desmantelou uma rede de corrupção ambiental no estado e culminou na prisão do superintendente do Ibama e do presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEMA), que foi extinta após o ocorrido. O estudo do Imazon mostra que, mesmo com a “limpeza” nos órgãos ambientais, os processos administrativos e judiciários envolvendo crimes ambientais não são medidas eficientes para inibir as infrações. Das 421 multas emitidas pelos dois órgãos entre julho de 2005 e julho de 2006, somando R$ 324 milhões, apenas 1% no Ibama resultou na condenação do envolvido. Até março de 2008, 39% das multas emitidas pelo órgão federal ainda aguardavam análise jurídica, 60% estavam inconclusas em alguma etapa do processo e nenhuma delas havia sido paga. Na Sema, a situação não é muito diferente: 83% das multas aguardavam análise jurídica, 9% apresentavam processos inconclusos, 3% foram canceladas, apenas 1% foi paga e 4% resultaram na condenação do infrator. Segundo levantamento da ONG, em mais da metade das multas de grandes desmatamentos (73% dos casos analisados no Ibama e 94% na Sema), os autuados apresentaram defesa para anular a sanção, sob alegação de que  a pessoa autuada não era proprietária total ou parcial da área desmatada e, por isso, não poderia ser responsabilizada pelo dano. Entre as medidas a serem tomadas para aumentar a eficiência dos órgãos ambientais, o Imazon sugere ações que parecem óbvias de tão simples, como mudar o termo usado nos laudos, de “proprietários” para “ocupante das áreas”, e priorizar a execução de processos por grandes desmatamentos. O estudo do Imazon “Multas Pós-Operação Curupira no Mato Grosso” foi apresentado junto com outro levantamento, “A impunidade de infratores ambientais em áreas protegidas na Amazônia”, que analisou processos nas esferas administrativa e judicial em Brasília. Para conferir os documentos, clique aqui e aqui.  

Redação ((o))eco ·
20 de agosto de 2009 · 15 anos atrás

Leia também

Notícias
22 de maio de 2024

Desmatamento na Mata Atlântica caiu 27% em 2023, mas encraves em outros biomas preocupam

Segundo dados da SOS Mata Atlântica, desmatamento em florestas maduras foi de 14.697 hectares; derrubadas em encraves no Cerrado e na Caatinga superou 69 mil hectares

Salada Verde
22 de maio de 2024

No dia da Biodiversidade, ICMBio cria quatro unidades de conservação privadas

RPPNs estão inseridas em três diferentes biomas, em área somada de cerca de 500 hectares. RPPNs de todo Brasil protegem cerca de 800 mil hectares

Análises
22 de maio de 2024

Código Florestal como peça fundamental para enfrentamento da crise climática

A recuperação dos passivos de vegetação nativa nos imóveis rurais brasileiros não impedirá futuras tragédias climáticas, mas além de contribuir para mitigá-las, certamente reduzirá seus impactos

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.