Notícias

Academia apresenta posição sobre Código

Cientistas defendem manutenção de áreas de preservação permanente e querem adiar votação para agregar conhecimento ao debate

Nathália Clark ·
26 de abril de 2011 · 14 anos atrás
José Antônio Aleixo, diretor da SBPC; Helena Nader, presidente da SBPC; e Antônio Nobre, do INPE, formam a mesa. Foto: Nathália Clark.

Enquanto, na Câmara, o presidente Marco Maia (PT-RS) quer levar a votação do Código Florestal à primeira semana de maio, a academia pede mais tempo para o debate. Nesta segunda-feira, 25, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciências (ABC) apresentaram, em Brasília, os resultados dos estudos realizados pelo grupo de trabalho, que analisou as questões relativas ao substitutivo à luz do conhecimento científico e tecnológico.

O livro, intitulado “O Código Florestal e a Ciência: contribuições para o diálogo”, é a contribuição da academia para uma discussão que ela alega não ter sido convocada.

No documento, fruto do trabalho voluntário de doze grandes pesquisadores, as entidades defendem o tratamento especial para os pequenos agricultores familiares; a proteção das riquezas da biodiversidade; inteligência e justiça no uso do solo; compatibilização de interesses gerando harmonia no campo e na cidade; e aplicação responsável da ciência e tecnologia.

Importância de APP e RL

Antônio Nobre. Foto: Nathália Clark.

Um dos pontos frisados foi também a importância das Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL) para preservação da biodiversidade e também para valorização do imóvel rural. “Temos que parar de achar que APP é área improdutiva, se bem utilizada e conservada, ela pode ser produtora de serviços ambientais”, afirmou Antônio Nobre, engenheiro agrônomo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

De acordo com os dados, os rio de até 5m de largura compõem mais de 50% em extensão da rede de drenagem do país. A redução proposta pelo substitutivo de 30m para 15m da faixa de APP resultaria numa diminuição drástica de 31% na área protegida em relação à lei atual.

A presidente da SBPC, Helena Nader, afirmou categórica que, “Se for votado o acordo do jeito que está será uma tragédia para o Brasil, e será a primeira vez no país que o Código será votado sem a participação da ciência”. Segundo ela, a entidade não emite opinião: “aqui ninguém é a favor ou contra, nós evidenciamos os fatos comprovados pela ciência”.

Foi destacada a necessidade de mais tempo para realizar um estudo à altura. Estima-se um prazo de dois anos para chegar a um acordo nacional com as instâncias.

Entre segunda e quarta-feira, exemplares do documento serão entregues aos presidentes da Câmara e do Senado, e aos ministros da Casa Civil, da Agricultura, do Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia, da Educação e da Integração Nacional.

Acesse aqui o estudo completo.

 

Saiba Mais:

  • Nathália Clark

    Nathalia Clark é jornalista na área de meio ambiente, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, justiça social e direitos humanos.

Leia também

Notícias
8 de maio de 2025

Alertas de desmatamento na Amazônia aumentam 55% em abril

Apesar da taxa do Deter no acumulado do ano mostrar estabilidade, com queda de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior, alta do desmatamento na Amazônia em abril liga alerta

Reportagens
8 de maio de 2025

A tragédia do plástico num santuário de aves marinhas

Esse e outros resíduos já contaminaram animais e ambientes na Baía de Paranaguá, de praias a ilhas e unidades de conservação

Recém-eleito Papa Leão XIV, o Cardeal Robert Prevost, dos Estados Unidos, aparece na sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 8 de maio de 2025. Foto: Yara Nardi / Reuters / Folhapress
Notícias
8 de maio de 2025

Leão XIV: Da América de Trump, um novo papa ambientalista

Prevost tem se manifestado abertamente sobre a necessidade de uma ação urgente em relação às mudanças climáticas e já disse que homem não pode ser um “tirano” em relação à natureza

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.