Até agora na Bolívia não existia uma quantificação de superfícies afetadas por incêndios que permitisse avaliar os lugares sob maior pressão ou a escala de florestas convertidas em pastos ou plantações. Sabendo desta lacuna de informação, a Fundação Amigos da Natureza, organização não governamental boliviana dedicada à conservação do meio ambiente, realizou o estudo Cartografia multitemporal de queimadas e incêndios florestais no país: Detecção e validação pós-incêndio, que foi aplicado na Amazônia e Chiquitania bolivianas.
O estudo foi baseado no sensoriamento remoto. Via satélite, fez-se a detecção de queimadas e incêndios naturais e, assim, desenhou-se uma cartografia pós-incêndio de suas cicatrizes.
“O estudo concluiu que não existe uma relação direta entre os focos de calor registrados e o estrago feito pelos incêndios”, afirma Armando Rodríguez Montellano, especialista em sensoriamento remoto da Fundação Amigos da Natureza. “Identificar danos só é possível quantificando as áreas afetadas e avaliando a resposta dos ecossistemas sensíveis ao fogo”.
Vídeo Áreas queimadas em Bolivia, 10 anos em 42 segundos
Entre 2000 e 2010, 22 milhões de hectares queimaram na Bolívia. Os maiores incêndios ocorreram nos anos 2005 e 2010, com 3,7 e 4,3 milhões de hectares, respectivamente. Na última década, os padrões do fogo indicam que 46% dos incêndios correspondem a terra aberta para a agricultura e pecuária.
Os departamentos (estados) de maior incidência de incêndios florestais são Santa Cruz (3,1 milhões de hectares) e Beni (1 milhão de hectares). Analisando-se os dados anuais, confirmou-se que existe uma tendência cíclica. Depois de um grande incêndio, no ano seguinte há uma queda na área queimada.
Sistema de alerta de riscos de incêndios florestais
O Sistema de Alerta de Riscos de Incêndios Florestais tem a finalidade de dar informação prática e rápida para a tomada de decisões na prevenção, controle e monitoramento de incêndios florestais nas terras baixas de Bolívia.
Os alertas são diários. Além deles, esta ferramenta gera dados sobre número de focos de calor, tamanho das áreas queimadas e suas localizações. Graças ao uso de formatos padrões, esta informação pode ser consultada, transferida por download e analisada em qualquer Sistema de Informação Geográfica.
A ferramenta foi desenvolvida pela Fundação Amigos da Natureza, dentro do projeto Manejo adaptativo do fogo ao redor de áreas protegidas do Bloque Chiquitano, que, por sua vez, é parte do Programa Departamental de Adaptação às Mudanças Climáticas”, implementado junto ao Governo do Departamento de Santa Cruz.
O sistema de alerta é baseado em um modelo que combina variáveis como a umidade, para avaliar o risco ambiental; a velocidade do vento, que permite estimar o risco de propagação; a distância entre focos de calor acumulados, que indica o risco de ignição; e a ocorrência de savanas naturais, locais onde há maior probabilidade de incêndios.
*Com informações de Armando Rodriguez e FAN
Armando Rodriguez Montellano
Departamento de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais, Fundação Amigos da Natureza – FAN Bolívia
Santa Cruz, Bolívia
Email: [email protected]
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