A Polícia Federal (PF) vai investigar a morte do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, assassinado a tiros por madeireiros na Terra Indígena Araribóia, região da Lagoa Comprida, no estado do Maranhão, na sexta-feira (01). A PF informou que está deslocando uma equipe de policiais para a localidade.
Paulino Guajajara foi vítima de uma emboscada.
A Terra Indígena (TI) Araribóia sofre com invasão de madeireiros há anos. Cansados da invasão, eles criaram o movimento guardião da floresta, formado pelos próprios indígenas, que fiscalizam e denunciam ação de invasores na área.
Na TI Araribóia vivem os indígenas Guajajara e também os da tribo dos Awá, que vivem exclusivamente da caça. A área foi invadida por posseiros e madeireiros, que passaram a ocupar áreas e a explorar irregularmente os recursos naturais, acarretando graves danos para a sobrevivência dos Awá.
Paulino estava caçando acompanhado de outro guardião, Laércio Guajajara, na aldeia Lagoa Comprida. Segundo reportagem da Agência Pública, Laércio declarou ao cineasta Taciano Brito que cinco homens saíram da mata e começaram a atirar.
Um dos disparos atingiu Paulino no rosto, outro no pescoço. Laércio foi alvejado no braço e nas costas, conseguiu fugir e encontra-se em recuperação.
A proteção de terras indígenas, que pertencem à União e são de usufruto exclusivo dos povos indígenas, fica a cargo da Polícia Federal ou do Exército.
Por causa do acirramento da violência no estado, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que faz oposição ao governo federal, anunciou em sua conta no Twitter que formará uma força-tarefa para a proteção da vida indígena no estado. A força-tarefa será composta por integrantes da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros do Estado, que protegerão o entorno das terras indígenas.
Cimi responsabiliza Estado e governo brasileiro por morte de Paulo Paulino Guajajara
Em nota divulgada no sábado (02), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) responsabilizou o governo Bolsonaro pelo assassinato de Paulo Paulino Guajajara. “As recorrentes falas do presidente da República contra a demarcação e regularização dos territórios, seguidas de um ambiente regional preconceituoso contra os indígenas, têm sido o principal vetor para invasões e violência contra os povos indígenas no Brasil”, afirma o Cimi.
“O sangue de Paulino e de tantos outros indígenas foi e será derramado porque aqueles que podem impedir a barbárie se calam, nada fazem. O Ibama e a Funai, órgãos que poderiam atuar de maneira direta na proteção à Terra Indígena, foram desmantelados e desonerados, tomados por ruralistas capatazes do agronegócio e do latifúndio”, declara a entidade.
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