Notícias

Prefeitura do Rio desmente corte de 50% em mutirões de reflorestamento

Denúncia de que haveria um corte de 50% nas equipes que realizam o reflorestamento nos morros da cidade foi feita nas redes sociais. Secretaria de Meio Ambiente negou a medida

Duda Menegassi ·
25 de janeiro de 2021 · 3 anos atrás
Encosta da Avenida Niemeyer durante plantio do Programa de Reflorestamento do Rio. Foto: Hudson Pontes/Prefeitura do Rio

Durante a última semana, circulou nas redes uma denúncia de que a prefeitura do Rio de Janeiro teria a intenção de cortar em 50% as equipes dos mutirões de reflorestamento, formadas por pessoas de comunidades carentes do município. Em resposta ao ((o))eco, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente afirmou que a informação não é verdadeira e que ainda será anunciado o plano de 2021 da pasta. O programa, que existe há 35 anos, conta com uma força-tarefa de mutirantes, moradores de comunidades que se voluntariam e recebem uma bolsa-auxílio para realizar o plantio. Como não são servidores da prefeitura, estão mais vulneráveis à “demissão”.

“A informação não procede. O programa de reflorestamento é uma política de estado que existe há mais de 30 anos e será mantido. Devido ao curto período de transição e às graves restrições fiscais que a Prefeitura do Rio enfrenta, a equipe técnica de engenheiros florestais da Secretaria ainda está estruturando o plano para 2021. Esse plano será anunciado em breve”, esclareceu a Secretaria em nota enviada ao ((o))eco.

O programa de reflorestamento já plantou mais de dez milhões de mudas em 3,4 mil hectares de área de morros e encostas em 92 bairros no município do Rio de Janeiro. A iniciativa já envolveu mais de 15 mil moradores das comunidades, que são colaboradores voluntários, cujo pagamento é a bolsa-auxílio dada pela prefeitura. O valor da bolsa gira em torno de um salário mínimo e varia de acordo com uma combinação de produtividade mensal com o cargo (servente ou encarregado). De acordo com dados oficiais do portal do Refloresta Rio, esta remuneração é a única fonte de renda para 60% das famílias que participam do projeto.

Um dos que se mobilizou publicamente sobre a denúncia de corte no programa de reflorestamento foi o deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ). De acordo com ele, o secretário de meio ambiente, Eduardo Cavaliere, voltou atrás de sua decisão após a pressão e repercussão negativa que o caso ganhou nas redes. “O [prefeito] Eduardo Paes mandou todas as secretarias contingenciarem recursos e o mutirão contrata gente que pode ser demitida, porque não são funcionários. Ele [Cavaliere] falou que contra sua vontade avisou às cooperativas de reflorestadores que ia ter que provisoriamente cortar metade. Essa turma falou pros ambientalistas, nós colocamos a boca no trombone e houve uma comoção. Em vista dessa pressão dos ambientalistas e das redes, Cavaliere disse que iria avaliar essa decisão para tentar minimizar os estragos, ver se consegue cortar de outro lado ou cortar menos do que 50%, e por enquanto estaria suspensa essa decisão [de corte]”, conta ao ((o))eco o deputado.

“Esse assunto mostra que tem que ter vigilância e pressão da sociedade, e não tem nada resolvido, o perigo [de corte] continua existindo. Esse reflorestamento nos morros e encostas segura deslizamento, enxurrada, não é só a questão do verde, mas de vidas humanas, de qualidade de vida urbana e ambiental”, completa Minc.

 

Leia também

‘Podíamos ter plantado o triplo’, afirma dono de viveiro de mudas sobre meta olímpica de 2016

Compensação ambiental financiará recuperação de 1.100 hectares de Mata Atlântica no Rio

Prefeitura do Rio põe unidades de conservação “para adoção”

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

Leia também

Notícias
5 de novembro de 2020

Prefeitura do Rio põe unidades de conservação “para adoção”

Advogados ambientalistas acreditam que medidas podem beneficiar gestão das áreas, que segue sob responsabilidade do poder público

Salada Verde
9 de junho de 2020

Compensação ambiental financiará recuperação de 1.100 hectares de Mata Atlântica no Rio

Iniciativa é parte do programa Florestas do Amanhã e irá plantar 2,5 milhões de árvores em 20 unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro

Reportagens
21 de agosto de 2020

‘Podíamos ter plantado o triplo’, afirma dono de viveiro de mudas sobre meta olímpica de 2016

Marcelo Carvalho, da Biovert, diz que apenas 13 mil mudas estão no Parque Radical, em Deodoro, com recursos de compensações ambientais – mas havia capacidade para reflorestar 40 mil

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.