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“Vamos deixar os povos indígenas terem a oportunidade de falar por eles mesmos”, diz Chirley Pankará

Candidata a deputada estadual pelo PSOL-SP após participar de mandato coletivo da Bancada Ativista, a educadora pernambucana falou sobre direitos indígenas, meio ambiente e saúde

Gabriel Tussini ·
15 de setembro de 2022 · 2 anos atrás

A série de entrevistas de ((o))eco com candidaturas ligadas à pauta ambiental teve sequência nesta terça (13), com a presença de Chirley Pankará (PSOL), candidata a deputada estadual por São Paulo. Após ser codeputada no mandato coletivo da Bancada Ativista na Assembleia Legislativa do estado, a indígena do povo Pankará agora concorre individualmente pela primeira vez. Em conversa com Cristiane Prizibisczki, a candidata falou sobre suas propostas e sobre a necessidade de os indígenas participarem da política institucional.

Chirley disse que sua candidatura, dessa vez individual, foi decidida em conjunto com o movimento indígena, na mesma linha da também entrevistada Raquel Tremembé (PSTU), candidata a vice-presidente. “Eu consultei o movimento indígena, e o próprio movimento indígena sugeriu que eu entrasse de novo em uma candidatura. Eu fui pro Nordeste, pra minha terra, consultei o meu pajé, e ele falou assim ‘pode continuar’, e aí eu falei ‘então tá bom, estou aqui colocando meu corpo e meu espírito’”. Segundo ela, “com tanta política anti-indígena, com tanta necessidade de que os povos indígenas ocupem os espaços para fazer políticas públicas por eles mesmos, ouvindo o movimento, eu falei ‘vou me colocar de novo’”.

Segundo a psolista, os povos originários precisam de mais representação política direta, não apenas por parte de simpatizantes. “Nós precisamos estar ocupando esses espaços. Se você for olhar os dados, quantas mulheres indígenas estão ocupando esses espaços que muitas vezes ditam as regras para nós? Você tem três poderes no país, precisam ser ocupados pelos povos indígenas também. Não é só falar dos povos indígenas, porque falar não resolve o problema. Nós tivemos que passar o ano passado acampados em Brasília contra projetos de lei que degradam as questões ambientais”, citou. “Então por isso que tem que trazer mesmo e apoiar mesmo, tem que dizer ‘vamos apoiar as mulheres indígenas agora, vamos deixar os povos indígenas terem a oportunidade de falarem por eles mesmos’. Então é lógico que nós temos que estar e ocupar, porque se não vão continuar falando por nós, e a gente vai estar todo ano lá acampando em Brasília”, afirmou.

A candidata também criticou a visão de que indígenas que vivem em contextos urbanos, como ela, não seriam “tão indígenas” quanto aqueles que vivem em aldeias. “Não tem como deixar de ser indígena. E isso é constrangedor porque acaba invisibilizando a nós povos indígenas no acesso aos direitos”, disse, citando a dificuldade que muitos deles tiveram para receber a vacina contra a COVID-19 destinada às populações indígenas. “Quando alguém nega o meu pertencimento em qualquer lugar desse país, elas estão matando uma pessoa de uma etnia. Estão matando parte de uma etnia. Porque se nega o direito daqueles povos a circularem. E isso é o que as pessoas consideram normal, e pra mim não é normal isso”, argumentou.

Caso seja eleita, a educadora disse que suas principais bandeiras serão “as questões ambientais, a questão da saúde, da educação, da cultura, da soberania alimentar e da ancestralidade”, e que, dentro dessas áreas, tem escutado reivindicações que pretende levar à frente como deputada. “Eu trago, por exemplo, alimentação sem agrotóxico para as escolas estaduais de São Paulo. Estou levando saúde para esses alunos e professores. Estou levando a proteção da mãe terra. Uma coisa vai ligada com a outra”, disse.

  • Gabriel Tussini

    Estudante de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), redator em ((o))eco e interessado em meio ambiente, política e no que não está nos holofotes ao redor do mundo.

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