Com o mortal acidente do vôo 3054 da TAM, em 17 de julho no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, a construção do trem que ligará a capital paulista ao aeroporto internacional de Guarulhos volta a ser colocada em pauta. O objetivo é viabilizar o acesso por meio da rede metro-ferroviária ao maior aeroporto brasileiro, como já acontece em grandes metrópoles do mundo. E, consequentemente, diminuir a movimentação em Congonhas. Mas o projeto prevê a passagem dos trilhos pelo Parque Ecológico do Tietê.
A implantação do parque de 14 milhões de metros quadrados nas margens do rio Tietê foi proposta nos anos 70 pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do estado para a preservação da sua várzea. Localizado na zona Leste da cidade, entre São Paulo e Guarulhos, foi inaugurado em 1982 e possui centros de lazer, de educação ambiental e um importante Centro de Recepção de Animais Silvestres.
No estudo do trem chamado de Expresso Aeroporto, apresentado em 2005 pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o percurso que começa na Estação da Luz segue o desenho da rodovia Ayrton Senna até a altura da estação ferroviária Engenheiro Goulart, onde cortaria cerca de 3,5 quilômetros do parque.
Segundo Nelson Nashiro, chefe de gabinete do DAEE que administra o parque, a idéia inicial é construir a linha em aclive, sobre pilastras acima das pistas da rodovia. “Em princípio, o impacto é menor do que o provocado pelo sistema viário em nível (no solo) que já corta o parque”, explica o engenheiro Nashiro se referindo às rodovias, lembrando que o projeto de criação do parque já previa a construção de estradas nas suas dependências.
De acordo com o secretário estadual de transportes, José Luiz Portella, a construção da linha vai depender das avaliações preliminares que estão sendo feitas pelo Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente (DAIA-SMA). As opções são três: a linha poderá ser subterrânea, em nível ou em aclive, como apresentado inicialmente ao chefe do DAEE.
Segundo o secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano, o DAIA está analisando as características do parque e tem o papel de dar orientações para que o projeto final minimize os impactos. “É uma preliminar do termo de referência”, explica, referindo-se ao documento que dá subsídio ao estudo de impacto ambiental (Eia-Rima). Segundo Graziano, não será uma obra de graves danos ambientais. A área, degradada, é importante como amortecimento de inundações e a vegetação está em processo de regeneração. “Vamos exigir uma compensação ambiental. Aproveitar essa construção para melhorar o parque”, explica.
A Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos (STM) recebeu em abril deste ano duas propostas de estudos técnicos, econômicos e financeiros dos consórcios Expresso Guarulhos e Nova Metrópole. De acordo com o coordenador de gestão da secretaria, Renato Viegas, os estudos estão completos e agora vão se juntar ao projeto elaborado pela CPTM, em caráter de parceria público-privada (PPP). Segundo Portella, em setembro serão realizadas audiências públicas seguidas do lançamento do edital de licitação. O empreendedor vencedor será responsável pelo Eia-Rima e só aí se terá uma idéia real dos danos causados. A previsão é que as obras comecem no primeiro semestre de 2008.
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