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Última rodada antes de Copenhague

Delegações de 192 países encontram-se na cidade espanhola de Barcelona para tentar destravar as negociações. Já no primeiro dia, cresce pressão sobre Brasil.

Gustavo Faleiros ·
2 de novembro de 2009 · 15 anos atrás

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Ativistas do Greenpeace subiram na famosa igreja de
Barcelona para pregar um banner pedindo “Salvação ao clima”

Começou nesta segunda-feira, 02, em Barcelona, a última rodada de negociações do novo acordo climático, cuja a aprovação é esperada para ocorrer em dezembro, durante a reunião das Nações Unidas em Copenhague.

O encontro abriga grandes expectativas pois daqui podem sair as diretrizes para o estabelecimento de metas ambiciosas para a redução de gases de efeito estufa. Ao mesmo tempo, há tensões no ar, uma vez que se as conversas não terminarem bem até sexta-feira diminuem muito as chance de que Copenhague seja um sucesso.

“As conversas em Barcelona precisam progredir e colocar fundações sólidas para o sucesso em Copenhague. Nós temos apenas cinco dias para conseguir isso, cinco dias para detalhar as propostas e finalizar os textos. Mas estou convencido que isso pode ser feito”, afirmou o secretário da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, na primeira coletiva de imprensa do encontro.

As opções que estão na mesa são metas que variam entre 25% e 40% de reduções de gases de efeito estufa até 2020 sobre os níveis de 1990 . A União Européia, que já assumiu por conta própria um compromisso de 20%, se compromete a elevar sua proposta para 30%, se outros países desenvolvidos embarcarem. O Japão já dá sinais que pode fazê-lo, mas a grande dúvida continua sendo os Estados Unidos. A gestão Obama espera ainda uma decisão do Senado americano sobre a lei do clima para apresentar propostas formais nas negociações da ONU. Até o momento, o presidente dos EUA apenas fala em metas ambiciosas para 2050, muito além do que parece razoável a estudiosos do aquecimento global.

Brasil na berlinda

O outro nó que deve exigir esforço dos negociadores em Barcelona é o tamanho (além da natureza) do compromisso que economias emergentes, como Brasil e China, terão no novo acordo climático. O governo brasileiro tem sido visto com um facilitador importante nas discussões. Os sinais dados por Lula de que o país aceitará uma meta de redução de gases de efeito estufa foram bem recebidos por delegações dos EUA e UE.

No entanto, em coletiva convocada nesta segunda, diversas ONGs brasileiras, apontaram contradições no comportamento da gestão Lula. A palavra usada por alguns ativistas é de que há “esquizofrenia” no comportamento brasileiro, pois de um lado fala-se em reduzir o desmatamento na Amazônia em 80% até 2020, mas por outro há apoio a projetos de lei no Congresso Nacional que podem simplesmente picotar o Código Florestal. “Lula tem que evitar um desastre interno“, pontuou Paulo Adário, do Greenpeace.

Nesta terça-feira, o presidente se reunirá com seus ministros de Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia para definir a meta brasileira em Copenhague. De acordo com informações obtidas pelo jornal Folha de São Paulo, o governo deve aprovar uma redução de 26% sobre as emissões de 2005 ao invés dos 40% originalmente propostos pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. “Dependendo de sua decisão, Lula tem a chance de se tornar um herói ou um vilão em Copenhague”, disse Gaines Campbell, da não governamental Vitae Civillis.

  • Gustavo Faleiros

    Editor da Rainforest Investigations Network (RIN). Co-fundador do InfoAmazonia e entusiasta do geojornalismo. Baterista dos Eventos Extremos

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