Reportagens

Fake news, compra de votos e assédio dão o tom do segundo turno na Amazônia

Na região, MPT já registrou 153 casos de assédio eleitoral; fake news contra o sistema eleitoral ganham força na véspera do pleito

Fabio Pontes ·
28 de outubro de 2022 · 1 anos atrás

Assim como as demais regiões do país, os estados da Amazônia Legal vem sofrendo, nesta última semana de campanha do segundo turno, com a proliferação de fake news, casos de assédio eleitoral e denúncias de compra de votos. Além da eleição presidencial, dois estados da região vão escolher seus governadores no próximo domingo: Rondônia e Amazonas. 

Em Mato Grosso, um hospital particular também foi denunciado por a direção ter possivelmente “convidado” os colaboradores a votar em Bolsonaro. 

É no estado onde também há a denúncia de compra de votos para beneficiar o candidato à reeleição. O caso é investigado pela Polícia Civil e teria ocorrido dias antes do primeiro turno, quando um homem ofereceu dinheiro a uma liderança do Parque do Xingu em troca de votos da aldeia. A oferta é recusada e registrada em vídeo. 

A liderança indígena aparece no vídeo devolvendo o valor. “Não posso ficar, a comunidade mandou devolver. Não aceitamos”, diz o indígena. 

Entre os estados da Amazônia Legal, o Ministério Público do Trabalho (MPT) já registrou, até o momento, 153 casos de assédio eleitoral. Mato Grosso é o que apresenta a maior quantidade: 50. Em seguida está Tocantins (49) e Pará (26). 

Notícias falsas sobre urnas

Nos últimos dias, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) precisou emitir boletins para desmentir falsas informações sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral como um todo. Um dos casos desmentidos é sobre vídeo em circulação no Facebook com eleitor de Belém se queixando de não ter aparecido a opção para presidente da República na urna no momento em que votava.

No vídeo ainda há uma legenda dizendo que o mesmo problema teria ocorrido com mais frequência nas seções dos estados do Norte e Nordeste. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Pará, a situação aconteceu na Escola Estadual Paes de Carvalho, e foi registrada em ata pelo presidente da seção. De acordo com o TRE, nenhum outro eleitor relatou falhas, além do autor do vídeo. 

Ao fim da votação, a urna onde teria acontecido o problema foi auditada pelo setor de Tecnologia do tribunal, que não encontrou nenhuma falha. Com isso, o TSE concluiu que não houve falha na votação para presidente na escola da capital paraense, e classificou a informação como boato. 

Outro episódio em Belém seria sobre o fato de um eleitor já ter votado, no dia 2 de outubro, tanto no pleito do primeiro quanto do segundo turno, quando este último aconteceria 28 dias depois. Numa “produção” espalhada pelo Whatsapp, o cidadão apresenta o comprovante de votação em segundo turno das eleições 2022 como prova do ocorrido. 

Outra vez o TRE-PA atuou para desmentir o ocorrido, informando que o comprovante foi entregue por engano pelo mesário. Como o eleitor foi identificado por biometria, diz o tribunal, não há como votar duas vezes.      

Em Rondônia, na cidade de Vale do Anari, urnas deixadas na sala de aula da  Escola Bartolomeu Lourenço de Gusmão, um dia após o primeiro turno, foram filmadas com o locutor afirmando que elas continham votos, e não tinham sido levadas para a apuração. O TRE-RO negou a notícia, esclarecendo que eram urnas de contingência, usadas como reservas caso as colocadas para uso dos eleitores apresentassem falhas. 

Assédio eleitoral

Foi no Pará, por sinal, que surgiu um dos primeiros casos de assédio eleitoral do país, quando o dono de uma cerâmica foi gravado coagindo os funcionários a votar em Bolsonaro, prometendo dar R$ 200 para cada um.

Imagem de empresário coagindo funcionários no Pará a votarem em Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Denunciado, o empresário assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPT, e terá que pagar indenização de R$ 150 mil.  

  • Fabio Pontes

    Fabio Pontes é jornalista com atuação na Amazônia, especializado nas coberturas das questões que envolvem o bioma desde 2010.

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Comentários 1

  1. Tem muito fakenews por ai devemos combater. Parabens pelo artigo.