Salada Verde

Alô Gabeiras e Sarneys Filhos

Nenhum deputado ambientalista defende a natureza em audiência pública na Câmara. Nela, deputado gaúcho absolveu o assassinato de fiscais do trabalho por fazendeiros.

Salada Verde ·
18 de novembro de 2008 · 16 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Ambientalistas do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), WWF e Conservação Internacional passaram hoje maus bocados na Câmara dos Deputados, em reunião conjunta das comissões de Meio Ambiente e Agricultura. Eles tiveram a “ousadia” de contestar dados do pesquisador Evaristo de Miranda, da Embrapa, que apontam cerca de 7% de terras disponíveis na Amazônia para produção, se toda a lei fosse respeitada.

A audiência aconteceu em meio ao recrudescimento das ações parlamentares para rasgar o Código Florestal brasileiro. Pelo tema, era óbvio que o encontro era contra árvores e bichos. Apesar disso, nenhum dos deputados que costumeiramente gostam de se dizer defensores da natureza apareceu na sala de debates.

Os ruralistas, é claro, compareceram em peso. Durante a audiência, o deputado Luis Carlos Heinze (PP/RS), pediu a palavra para dizer que a agropecuária brasileira era pressionada pelos bancos, pelos ambientalistas, pelos índios e pelo Ministério do Trabalho. Empolgadíssimo e indignado, afirmou que, em Goiás, fazendeiros se viram forçados até a matar fiscais do Trabalho para se livrar de tanta pressão.

Para os ecologistas, há por volta de 14% de solo para ser usado. “O estudo ignora aspectos da lei, como o fato de que áreas de preservação permanente na Amazônia podem ser contabilizadas na reserva legal, de que o zoneamento ecológico econômico pode reduzir de 80% para 50% a reserva legal em áreas alteradas e de que pode haver compensação de reservas legais, mantendo o uso desses espaços. Ao invés de discutir percentuais, deveríamos avaliar o que está ocorrendo nessas áreas desmatadas, se são realmente produtivas, por exemplo”, comentou um dos ambientalistas. Frente a esse tipo de argumento, “mentiroso” foi a palavra mais branda usada pelos parlamentares.

Para alguns ruralistas, a pesquisa só serve quando atende a suas ideologias e interesses

Leia também

Colunas
3 de setembro de 2024

A fumaça que cobre o Amazonas esconde seus causadores

Falta clareza sobre os responsáveis pelas queimadas e posterior punição/controle para se evitar os incêndios. Estamos repetindo erros antigos

Reportagens
3 de setembro de 2024

Seca na Amazônia faz pesquisadores correrem contra o tempo para monitorar botos

Expedição no lago Tefé (AM) antecipa os esforços dos cientistas para entender a dinâmica dos animais com a mudança de temperatura e redução da água. Quase 180 botos-vermelhos morreram em 2023

Reportagens
2 de setembro de 2024

Saiba quais são as propostas ambientais dos candidatos a prefeito de Belo Horizonte

Programas de governo contêm projetos sobre mobilidade urbana e planos de adaptação climática. Especialistas ouvidos por ((o))eco apontam principais problemas ambientais da capital de Minas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.