Na sexta passada, no centro de Cuiabá, estudantes secundaristas e universitários lideraram uma manifestação contra o novo Código Florestal. A concentração foi na praça Ipiranga, às 15h, um local de grande trânsito de pessoas, carros e comércio agitado. Os manifestantes, cerca de 100 pessoas, expressavam sua indignação bradando contra o afrouxamento do Código, entregavam panfletos e exibiam nos sinais de trânsito cartazes de protesto. Um deles dizia “Novo Código? Vôte!”, mostrando que a manifestação significou o desgosto do povo de Cuiabá. A expressão vôte nessa região significa algo como “cruzes!”, ou “nossa!”. É uma gíria local.
Depois da concentração o grupo marchou pela Avenida Prainha, subindo a Getúlio Vargas e depois passando pela Barão de Melgaço e Isaac Póvoas, trajetos principais da cidade. A finalização foi também na praça Ipiranga, por volta das 18h.
O professor de história Rafael Nogueira, que ministra aulas numa instituição particular de ensino da cidade conta que, como preparação para o ato, os alunos discutiram em sala as alterações do Código Florestal, o resultado da votação na Câmara e as consequências das mudanças para a agricultura. Segundo ele, precisamos de “um modelo de agricultura saudável, sustentável, familiar, pra colocar comida no prato do povo brasileiro” e, do jeito que está, teremos “uma agropecuária que só atende ao interesse do pecuarista”. Ele também defendeu que a função da educação é levar essas questões para o debate em sala de aula, pois é preciso que os estudantes acompanhem o desenrolar dos acontecimentos. “A história não se faz só no passado”. Para Nogueira, as audiências públicas foram antidemocráticas, organizadas pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) “para que só os agricultores tivessem acesso”.
Caiubi Kuhn, de 21 anos, estudante de geologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), membro do Diretório Central dos Estudantes, diz que a manifestação tentou mostrar para a sociedade uma discussão diferente da que tem sido feita pela elite agrária do país, ou seja, mostrando que o novo Código Florestal contribui para a destruição do meio ambiente. Ele acredita que o ato foi produtivo e atraiu um bom número de participantes, apesar de ter sido realizado no fim do semestre letivo e em um momento em que ocorrem paralisações e greves nas instituições públicas de ensino.
O professor Nogueira ressaltou o papel das redes sociais no processo de mobilização para a manifestação e garantiu que outros atos virão. Participaram do processo de organização a Executiva Nacional dos Estudantes de Biologia, estudantes de Engenharia Florestal e Biologia da UFMT, escolas particulares, e o “Contraponto”, um coletivo nacional do movimento estudantil.
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Crédito fotos: Mila Vilá
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