O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, irá responder por utilizar animais em desacordo com a autorização obtida, inserção de dados falsos e por mutilação. Esse é o resultado de ação de fiscalização realizada hoje (24) pelo Ibama na casa de Torres, em Brasília, onde era mantido um criatório de aves.
De acordo com a assessoria do Ibama, a ação é fruto de investigação que teve início ainda em 2022, quando foram identificadas informações inconsistentes no Sispass (Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadores de Pássaros).
A ((o))eco, o presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, disse que Torres tinha um criatório de passeriformes registrado no nome dele. “Na vistoria de hoje foram encontradas muitas irregularidades e por isso foi feito o auto de infração”, disse.
O presidente do Ibama explicou que as aves criadas em cativeiro recebem uma anilha, que é colocada na pata do animal para a sua identificação junto ao órgão ambiental. Nas aves, esse dispositivo é instalado quando elas são jovens, porque depois fica difícil, quase impossível. “Várias aves estavam com problemas relacionados à anilha, a registros”, contou ele sobre o criatório encontrado na casa do ex-ministro.
Na fiscalização realizada hoje, o Ibama, com o apoio do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), encontrou cerca 60 aves mantidas no criadouro, sendo que uma delas tinha a pata mutilada.
Por conta disso, o Ibama aplicou autuações, embargou a atividade e determinou por meio de notificação que sejam apresentadas informações sobre animais registrados no sistema que não foram encontrados no local.
Transferência recente
Em análise detalhada feita pelos agentes do Ibama, também foi constatada outra descoberta sobre o criatório: “Ele transferiu do nome dele para o da mãe recentemente”, disse Agostinho. Segundo a assessoria do órgão, ambos teriam ultrapassado o limite de transferência estabelecido para criadores amadoristas, que é de 35 pássaros, segundo normativa do Ibama.
Tanto o ex-ministro como a mãe, segundo o Ibama, informaram o mesmo endereço nos registros de criação das aves. Esse mesmo endereço ainda era compartilhado com um criadouro comercial, prática que é proibida pela legislação, segundo o órgão ambiental.
((o)eco entrou em contato com o advogado de Anderson Torres, mas até o fechamento da matéria não houve manifestação sobre o assunto. O espaço segue aberto.
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Que bom ver o Ibama atuando e autuando novamente. Fiquei interessado em saber se a mãe do ex-ministro também foi autuada.