Quase um mês depois de a comunidade do entorno da refinaria Hydro Alunorte, em Barcarena (PA), denunciar às autoridades a presença de lama nas águas do município, a empresa admite, pela primeira vez, que usou um canal chamado Canal Velho para descarregar a água de chuva, mas afirma que “não há indícios de impacto ambiental negativo causado pela liberação”.
As declarações da Hydro Alunorte, do grupo norueguês Norsk Hydro, vieram através de nota divulgada na segunda-feira (12). No texto, a empresa afirma que a água despejada da refinaria até o Canal Velho teve seu pH tratado na entrada do canal, antes de ser liberada e depois misturada com a água da estação de tratamento de efluentes e com as águas superficiais da fábrica de alumínio Albras.
“Em primeiro lugar, é importante enfatizar que não temos indícios de vazamento ou transbordamento de nossas áreas de depósito de resíduos de bauxita. Liberamos a água de chuva da área da fábrica. O lançamento foi feito como uma medida controlada, que comunicamos à SEMAS, o órgão ambiental estadual “, diz o presidente e CEO, Svein Richard Brandtzæg.
Canal Velho é um canal adjacente à estação de tratamento de água da Alunorte, que ocasionalmente também é usado para descarregar água separada da polpa de bauxita que é transportada pelo mineroduto da mina de bauxita da Hydro, em Paragominas, para Barcarena.
Na época da liberação da água, a empresa não possuía licença. Segundo a Hydro Alunorte, o despejo de água de chuva foi feita para aliviar a estação de tratamento de água durante a chuva forte.
A Hydro encarregou a consultoria ambiental brasileira SGW Services para a realização de uma revisão independente dos sistemas de tratamento de água e gestão de efluentes na refinaria de alumina Alunorte.
“Estamos aguardando o relatório da força-tarefa interna, bem como a revisão ambiental externa independente da SGW Services, que será apresentada na primeira semana de abril”, diz Brandtzæg.
Laudo do IEC afirma que água está contaminada
O município de Barcarena foi atingida por fortes chuvas ocorridas nos dias 16 e 17 de fevereiro e no dia seguinte a população percebeu a presença de lama vermelha nas águas em Barcarena (PA). A Hydro Alunorte passou dias negando o fato até o laudo do Instituto Evandro Chagas (IEC) confirmou a contaminação por chumbo e outros metais nas águas do município. Depois disso, autoridades federais e estaduais como o Ministério Público Federal, Ibama e Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará determinaram de que a Alunorte reduzisse a produção em 50% e suspendesse as operações do Depósito de Resíduos Sólidos 2 (DRS2). Além disso, a refinaria foi multada em R$ 20 milhões pelo Ibama.
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