Até o final do ano será lançado um edital internacional pelo G20 – o grupo dos 19 países mais ricos do mundo mais a União Africana e a União Europeia – e o Belmont Forum para escolher projetos de pesquisas sobre inovação tecnológica e diversidade na Amazônia, além da pesquisa em tecnologias para a descarbonização e a promoção da diversidade racial e regional. A chamada de projetos, sob o tema “Florestas tropicais: Implicações globais e ações urgentes”, incluirá as etapas de pré-propostas e propostas. O início dos projetos deve acontecer em meados de 2025.
Também serão objetos do edital áreas temáticas como mudanças climáticas, desmatamento, práticas agrícolas alternativas, economias lideradas localmente, funções do ecossistema e conectividade das florestas tropicais, biodiversidade e perda de ecossistemas, agroindústria não regulamentada, posse da terra, atividades ilegais, poluição, saúde humana, risco de desastres, resiliência, justiça ambiental e governança, sistemas de dados abertos, recuperação de conhecimentos e práticas de povos indígenas, além de comunidades locais e soluções transdisciplinares.
As propostas vencedoras serão financiados por um consórcio que ainda está sendo formado, mas que já conta com a adesão de países doadores como Japão e Suíça, além de instituições como o Belmont Forum e o Instituto Interamericano Para Pesquisa em Mudanças Globais – este último integrado por 12 países da região e que tem sede em Montevidéu, no Uruguai.
Sob a presidência rotativa do Brasil, a Cúpula de Líderes do G20 acontecerá nos dias 18 e 19 de novembro, quando será escolhido um novo País presidente, no Rio de Janeiro. A organização do G20 se divide em 15 grupos de trabalho, duas forças-tarefa e uma iniciativa dedicados a vários assuntos ambientais e sociais, além de outros sete grupos técnicos e três forças-tarefa no campo das finanças.
Integrado por um coletivo internacional de entidades de fomento à pesquisa de 17 países do G20, o Belmont Forum tem como objetivo financiar a produção e a síntese geração de novos conhecimentos sobre florestas tropicais do mundo. “Precisamos reconhecer as diferenças de governança e culturais das comunidades locais e dos povos indígenas. Se o edital der certo, nós podemos pensar em editais para outros biomas, como as florestas tropicais e o Pampa”, acrescentou Márcia.
Nos documentos do Grupo de Trabalho sobre Pesquisa e Inovação do G20, responsável pela iniciativa do edital, também é mencionada como organizadora e participante do edital a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que desde 2012 lança em parceria com o Belmont Forum editais semelhantes. Consultada, a FAPESP não deu mais detalhes.
“Vamos fazer pesquisa científica na Amazônia para entender a biodiversidade, os desafios, combater o desmatamento. Se ele der certo, nós podemos pensar em editais para outros biomas, como as florestas tropicais e o Pampa”, revelou Márcia Barbosa, coordenadora do Grupo de Ação Colaborativa em Pesquisas na Amazônia e Florestas Tropicais do G20 e secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) do Brasil. “Em maio realizaremos em Recife a nossa segunda reunião presencial e vamos definir os detalhes faltantes”, completou.
Marcia informou também que o edital buscará alinhar inovações tecnológicas e a prevenção de novas pandemias, para desenvolver instrumentos que identifiquem previamente quais potenciais agentes podem ser os causadores de crises sanitárias globais. “É fundamental aliar tanto protocolos médicos como conhecimento de ciência e tecnologia, incluindo os saberes de povos tradicionais”, disse. As conclusões do Grupo de Trabalho serão levadas aos mandatários dos governos e entidades que compõem o G20.
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